Hospital de Base implanta projeto-piloto para reaproveitar água
Receber água tratada em casa pode parecer algo comum para muitas pessoas, mas segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINIS), referentes ao ano de 2019, cerca de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a este bem natural. O Hospital de Base de Bauru (HBB), que adota e incentiva diversas práticas sustentáveis e vê com grande preocupação o agravamento da crise hídrica em Bauru e região, buscava implantar um sistema para reaproveitar a água utilizada pelo setor de Hemodiálise.
Por iniciativa do funcionário do HBB, Dioclecio de Jesus Corrêa (foto abaixo), coordenador de Manutenção Hospitalar da unidade que é especialista em engenharia clínica e graduando do curso de Engenharia de Produção, foi desenvolvido um projeto-piloto para esta finalidade. A iniciativa também é tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Corrêa, cujo título é “Aproveitamento do descarte de água do sistema de tratamento de água para Hemodiálise”.
Os primeiros resultados apontam um consumo mensal de 12 m³ dessa água que seria descartada, com aproveitamento do volume em dois sanitários do Ambulatório de Especialidades Médicas do HBB. O volume representa 6% do total de 216 m³ que poderá ser aproveitado quando o sistema for ampliado.
Com a utilização de encanamento adaptado, de baixo custo, neste primeiro momento o sistema foi implantado para reaproveitar a água utilizada pela osmose central do setor de Hemodiálise do Hospital de Base de Bauru (HBB), sob gestão da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp). De acordo com Corrêa, autor do projeto, desde o início do funcionamento, em julho de 2020, até fevereiro deste ano foram utilizados 81 m³.
“Toda essa água que antes era desprezada diretamente no sistema de esgoto foi direcionada para abastecer esses dois banheiros, mas esse aproveitamento pode ser ainda maior com a ampliação do sistema para outros locais do Hospital de Base”, enfatiza.
Antes da reutilização, a água passa por tratamento com cloro em dois reservatórios de 500 litros cada, um instalado ao lado do setor de Hemodiálise e outro no telhado do Ambulatório de Especialidades. O volume poderia ser utilizado também para fins de irrigação e limpeza de pisos e calçadas, conforme o projeto.
As boas iniciativas de sustentabilidade e a conscientização de pessoas e empresas vêm se tornando cada vez mais importantes, segundo a gerente de apoio da unidade, Elisa Pavan. “Se conseguirmos aproveitar 100% dessa água, teremos uma economia de R$100 mil por ano, mas nosso foco mesmo é a sustentabilidade, pois poderemos evitar que essa água seja desprezada na rede de esgoto, o que otimiza o consumo de água tratada”, pontua. Já a diretora do Hospital de Base de Bauru, Mônica Hamai, destaca que a preocupação com a sustentabilidade, que agora inclui o uso consciente de água tratada, vem desde o início da gestão Famesp na unidade, em 2013.
“Temos como diretriz estratégica incentivar e desenvolver soluções que minimizem o impacto ambiental que uma unidade hospitalar produz para o meio ambiente”, frisa. A diretora também destaca que “as atividades de reciclagem e as parcerias com empresas e instituições, a segregação do resíduo orgânico e seu reaproveitamento parcial na nossa horta, juntamente com o reaproveitamento de água de chuva, são formas de agregar as práticas sustentáveis aos projetos sociais, como o do Lacre solidário, em parceria com a Apae Bauru, e também de evitar desperdícios no caso do reaproveitamento da água da hemodiálise, gerando economia financeira”.
Para ela, a participação dos profissionais da instituição é essencial para a sustentabilidade. “Toda a equipe do hospital, de uma forma ou de outra, atua nessas atividades sustentáveis, propagando, apoiando e nos prestigiando com ideias e trabalho voluntário. É a participação da nossa comunidade hospitalar fazendo a diferença e dinamizando nossas iniciativas junto à sociedade e ao meio ambiente”, salienta Hamai.