Salário Emocional: o que significa e qual o impacto para o funcionário?

Um dos pontos fortes para se escolher entre uma empresa e outra sempre foram os benefícios, principalmente em tempos de pandemia onde se busca mais qualidade de vida, saúde mental e estabilidade. Por isso, essas boas práticas da empresa receberam um nome, salário emocional.

Ao contrário de um salário comum, esse tipo de bonificação não é representado por uma quantia e nem está registrado em carteira. É um conjunto de fatores emocionais e motivacionais que fazem com que as pessoas queiram permanecer em uma empresa. Por ser algo subjetivo, que varia de acordo com cada ambiente ou tipo de profissional, sua composição acaba sendo diferenciada.

“São elementos básicos que deveriam existir em qualquer emprego saudável, como oportunidades de desenvolvimento profissional e ascensão na carreira, reconhecimento das atividades realizadas, motivação, uma jornada de trabalho positiva e calma. Ser apresentado à desafios saudáveis que mostrem o seu valor, adquirir conteúdo enriquecedor na função desempenhada, e sentir-se parte da organização em que se trabalha”, explica Fabio Venegas, professor do curso de Recursos Humanos e diretor da Faculdade Anhanguera.

O profissional traz ainda algumas respostas sobre o tema:

Qual a importância do salário emocional para as empresas e a política de bem-estar corporativo?
Um funcionário infeliz se torna improdutivo para a empresa e, se o ambiente de trabalho não for bom, mais de um colaborador pode se sentir assim, o que pode ter resultados ruins para a companhia num geral. Além disso, minimiza as licenças médicas e todas as questões de saúde e elimina ainda mais a evasão, aumentando a retenção de talentos na organização. A companhia precisa entender que ela é quem trabalha para ela, portando o que é bom para o funcionário é bom para a imagem da instituição.

Quais os cuidados que as empresas precisam ter ao adotar o “salário emocional”?
Todas as características dessa ferramenta devem ser devidamente esclarecidas aos colaboradores. Se for usada da forma errada pode ter o efeito contrário. É fundamental também que os benefícios oferecidos agreguem algum valor e contribuam para o desenvolvimento do funcionário. Esse tipo de ferramenta não pode se tornar apenas um título para atrair talentos, mas precisa ser uma estratégia vinculada a algo que faça sentido. Os colaboradores devem ser realmente desenvolvidos e valorizados pela empresa.

É interessante também conhecer o perfil dos funcionários para que possa ajudar no que precisar, incluindo a oferta de treinamentos diversos. O mais importante é ter um espaço em que as pessoas se sintam à vontade para falar o que espera da empresa e suas ambições profissionais, assim como problemas pessoais.

Como implementar o “salário emocional” nas empresas? Existe uma espécie de passo a passo a ser seguido?
Não existe um passo a passo, mas algumas características que devem ser levadas em consideração. Tenha uma liderança engajada e instruída que deve trabalhar para conduzir o processo de desenvolvimento de toda a equipe, também não faça distinções entre cargos, posições e tarefas ao oferecer benefícios. É importante que todas as áreas da empresa estejam engajadas para que o funcionário se sinta abraçado por todos os lados e todo mundo fale a mesma língua para aumentar a satisfação e o engajamento de toda a equipe.

E PARA O FUNCIONÁRIO?
Um estudo realizado durante a pandemia que desenvolvem ferramentas para medir o clima organizacional de uma empresa, apontou que 54% dos entrevistados estão tendo níveis de ansiedade médios e altos durante a quarentena, sendo que 80% se sentem superprodutivos¹.

A combinação desses do distanciamento social e produtividade, então, começa a gerar estresse e ansiedade, podendo levar a um aumento de doenças como o Burnout, o esgotamento profissional.

“As empresas vão buscando ao longo do tempo, mecanismos que possam atrair, reter e engajar pessoas. Estratégias de oferta intangíveis e emocionais, como salário emocional, faz a instituição ter um olhar 360° e pensar com mais afinco nas ações adotadas de alinhamento com às premissas de negócio e desenvolvimento da empresa. Manter funcionários integrados, motivados, produtivos e lucrativos, exige a observação próxima do clima organizacional, postura e comunicação da gestão, imagem da empresa, segurança da informação, capacidade de inovação, jornadas flexíveis, canais de interação, criatividade, iniciativas que propicie sensação de pertencimento e valorização do profissional. A validação das relações intersubjetivas é essencial. O processo de desenvolvimento e reconhecimento organizacional, se estende ao pessoal e profissional”, indica Letícia Cacere Cavalcante, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera.

Levando isso em consideração no ambiente do salário emocional, “isso proporciona, antes de todos os benefícios, relações amistosas com os colaboradores e entre si. Durante a pandemia as empresas tiveram que se esforçar para que continuassem a oferecê-lo da forma que o funcionário precisou, seja em terapia, yoga online ou equilíbrio para lidar com a vida em casa além do trabalho, o ideal é buscar qualidade de vida”, enfatiza Letícia.

Geralmente, os benefícios inclusos são subjetivos e emocionais, mas têm muita importância na qualidade de vida e, consequentemente, do trabalho dos colaboradores, na permanência dele na empresa e no padrão das atividades feitas. “Isso também evita distúrbios emocionais ligados à saúde mental e sintomas físicos, como gastrite, doenças inflamatórias intestinais, insônia, prisão de ventre e muitas outras. O salário emocional existe principalmente para criar uma boa relação entre empresa e colaborador e ambos se ajudarem”, finaliza a coordenadora.

¹Pesquisa de Termômetro de Crise. Pulses. Disponível em: https://conteudo.pulses.com.br/pesquisa-termometro-de-crise-resultados-preliminares. Acesso em 12 de julho de 2021.

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