Tarifaço trava R$160 milhões em carne brasileira para exportação
Com cerca de 30 mil toneladas de carne bovina já nos portos ou a caminho dos Estados Unidos, a indústria brasileira enfrenta os primeiros efeitos concretos da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump. O vice-presidente Geraldo Alckmin reuniu-se nessa terça-feira (15) com representantes do agronegócio e da indústria para discutir estratégias de reação.
Segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), frigoríficos já suspenderam a produção destinada ao mercado americano diante da incerteza. “Com essa taxação, se torna inviável exportar carne bovina para os EUA, nosso segundo maior comprador. Estão em jogo US$ 160 milhões em mercadoria que já saiu das plantas industriais”, afirmou.
Os produtos em risco são, sobretudo, cortes usados para processamento, como hambúrgueres. A exportação de carne bovina para os EUA é parte de uma cadeia que movimenta cerca de 7 milhões de empregos no Brasil.
O encontro contou com ministros como Carlos Fávaro (Agricultura), Rui Costa (Casa Civil) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), além de representantes de empresas como JBS, BRF, Marfrig, Minerva e entidades como Abiec, Abipesca e Abrafrutas.
Do setor de frutas, o presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, alertou que a safra de manga, planejada para o mercado americano, está prestes a começar. “Não temos como redirecionar essa produção para a Europa ou o mercado interno. A logística e os preços inviabilizam”, afirmou.
No setor cafeeiro, Márcio Ferreira, do Cecafé, destacou que o Brasil fornece um terço do café consumido nos EUA e que a tarifa pode pressionar os preços ao consumidor americano. A Abipesca, por sua vez, alertou que, sem exportações, a indústria de pescados poderá enfrentar demissões em massa, já que o mercado europeu continua fechado para o produto brasileiro desde 2017.
Alckmin afirmou que o governo trabalha para reverter a decisão por meio de diálogo com autoridades e empresários americanos, sem descartar medidas de retaliação. A Lei de Reciprocidade Econômica está sob análise, mas seria acionada apenas em último caso.
Reportagem – JcNet