Foto: Divulgação Prefeitura de Bauru

Influenza já matou 17 em Bauru, que tem baixa cobertura vacinal

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que 17 moradores de Bauru morreram em decorrência de complicações provocadas por Influenza (gripe), com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), entre janeiro e junho de 2025. A informação, divulgada a pedido do Jornal da Cidade, vem em meio a um cenário de baixa adesão à vacina que previne a infecção pelo vírus da doença.

Ao todo, 50 pessoas tiveram Srag causados por Influenza no período. Os números são significativamente superiores aos do ano passado. Nos seis primeiros meses de 2024, foram confirmados 13 casos de Srag provocados por Influenza, com três óbitos relacionados à doença.

A pasta não informou idade e sexo das vítimas, nem a data em que os óbitos ocorreram, mas confirmou que a cobertura vacinal, mais uma vez, está abaixo do índice considerado ideal. Entre os grupos prioritários, mais suscetíveis ao desenvolvimento de formas graves da gripe, o índice entre idosos é de 49%; de 26,6% entre crianças acima de 6 meses de idade; e de 44,3% entre gestantes.

Já no Estado de São Paulo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a cobertura vacinal contra Influenza atingiu 43,2% entre os grupos prioritários no primeiro semestre deste ano. A meta do Ministério da Saúde era vacinar ao menos 90% de cada um dos grupos elegíveis.

DOSES APLICADAS

De acordo com dados do Painel da Campanha de Vacinação contra Influenza 2025, mantidos pelo MS, Bauru havia aplicado, até a última segunda-feira (14), 97.674 doses da vacina trivalente, que protege contra a gripe suína (H1N1) e contra a gripe sazonal (H3N2), duas variantes do vírus Influenza tipo A, além de prevenir uma cepa viral da Influenza tipo B.

Vale lembrar que, conforme o Censo Demográfico 2022 do IBGE, 377.111 habitantes de Bauru têm 6 meses ou mais e, portanto, poderiam tomar a vacina. Assim, a cobertura vacinal da população bauruense, excetuando as 621 segundas doses ministradas em grupos específicos, é de apenas 25,7% em 2025.

A campanha de vacinação contra Influenza começou na cidade no dia 7 de abril, inicialmente para os grupos prioritários, sendo ampliada em 19 de maio para o público em geral. Em nota, a SMS informou que as doses são gratuitas e seguem disponíveis para toda a população a partir de 6 meses de idade. “A imunização é a forma mais eficaz de prevenir casos graves e proteger a saúde coletiva”, reforça.

O médico infectologista Marcelo Pesce lembra que a cobertura do Calendário Básico de Vacinação não atinge os níveis desejados, incluindo o imunizante contra a Influenza, mas também outros. Para ele, talvez a população tenha perdido a percepção da importância desta proteção, na esteira da celeuma causada pela produção de imunizantes durante a pandemia de Covid-19.

‘RESPONSABILIDADE’

“Não há muito como explicar o motivo de as gestantes não estarem vacinadas, de os pais não levarem seus filhos para tomar vacina. Há uma permissividade na nossa sociedade e falta responsabilidade. Então, neste ano, a gripe matou mais pessoas do que em anos anteriores. No ano passado, a Covid matou mais do que a dengue. Tem vacinas gratuitas sobrando na rede pública e a população que faz parte do público-alvo continua morrendo sem se vacinar”, lamenta.

Além da baixa adesão, Pesce menciona que as temperaturas mais baixas e por um período mais prolongado no inverno deste ano também ajudam a explicar a alta de casos de Influenza. Ele lembra que, justamente por este período ser mais propício para a disseminação da doença, a vacinação começa com meses de antecedência para que todos pudessem estar protegidos agora. “Com o frio, alguns fatores climáticos e sociais favorecem a transmissão, como o fato de as pessoas ficarem mais próximas e confinadas, terem mais problemas de motilidade das vias aéreas e enfrentarem baixos índices de umidade relativa do ar”, cita.

O médico infectologista destaca que as vacinas disponíveis nas redes pública e privada são seguras, utilizadas há anos pelo mundo inteiro. Elas não trazem qualquer possibilidade de causar gripe e efeitos adversos que podem ter relação com o imunizante são infinitamente menos frequentes do que as complicações provocadas pela Influenza em indivíduos não vacinados.

Reportagem – JcNet – Tisa Moraes

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