Foto: Divulgação Prefeitura

Setores de doces e máquinas lideram impacto de tarifaço em Bauru

Os setores da indústria de Bauru que deverão ser os principais afetados pela tarifa de 50% prometida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a partir de 1.º de agosto sobre os produtos importados do Brasil são os de itens de confeitaria que não contêm cacau, além de segmentos que envolvem fabricação de máquinas e aparelhos, como interruptores, para-raios, limitadores de tensão, eliminadores de onda e tomadas de corrente, motores e geradores elétricos, máquinas e aparelhos para preparação de alimentos ou bebidas e bombas para líquidos.

Os dados são do Comex Stat, sistema oficial que fornece estatísticas do comércio exterior brasileiro. Somente estes setores exportaram para os Estados Unidos, de janeiro a junho de 2025, o equivalente a US$ 10,9 milhões, correspondente a 94% do total de US$ 11,6 milhões remetidos ao país pelas empresas bauruenses no período.

A plataforma também revela que os EUA foram o terceiro principal destino das mercadorias enviadas por Bauru ao Exterior, atrás apenas das Filipinas (US$ 24,304 milhões), compradora principalmente da carne produzida na cidade, e Argentina (US$ 15,1 milhões), importadora de baterias e avocados produzidos pelas empresas bauruenses. Ao todo, o município exportou US$ 109,3 milhões ao redor do globo no primeiro semestre deste ano, sendo 10,6% deste montante para os Estados Unidos.

Para um diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que exporta US$ 3,5 bilhões por ano em máquinas os EUA, como nossos produtos não são tão competitivos a ponto de suportar uma taxação de 50%, Bauru, assim como o Brasil, perderia o mercado norte-americano. Porém, em sua opinião, o governo Trump irá recuar antes de 1 de agosto ou, no máximo, alguns dias após esta data.

RUIM PARA AMBOS

“Esta taxa seria horrorosa não só para o Brasil, mas também para o Estados Unidos, já que o povo de lá passaria a pagar mais pela comida. Que país iria abastecer o mercado norte-americano com suco de laranja, café, carne? O principal comprador da carne brasileira é a China e, em segundo lugar, os Estados Unidos”, pontua ele, que preferiu manter o anonimato.

Além disso, o diretor pondera que grandes empresas americanas com produção no Brasil para exportação aos EUA, como Caterpillar e John Deere, fechariam as portas e por isso, estão pressionando fortemente o governo Trump a recuar. Já as corporações brasileiras, apesar de apreensivas, teriam condições de procurar outros mercados, como os países do Brics e América Latina.

Esta análise é compartilhada por Gisela Casarin, especialista em logística internacional e comércio exterior. Para ela, embora as organizações possam enfrentar desafios como a perda de competitividade no mercado norte-americano, a necessidade de renegociar contratos e os impactos nos custos e margens, também teriam condições de aproveitar oportunidades. “A China já é o maior parceiro comercial do Brasil, a União Europeia oferece mercados sofisticados e os países do Brics representam mais de 40% da população mundial”, completa.

Na região

Na região de Bauru, os principais exportadores de mercadorias para os EUA são, pela ordem, Lins (US$ 131,8 milhões, com destaque para carnes), Pederneiras (US$ 111 milhões, principalmente, veículos para transporte de mercadorias), Botucatu (US$ 93 milhões, em especial aeronaves), Promissão (US$ 26,9 milhões, na maior parte carnes) e Lençóis Paulista (US$ 13,3 milhões, com destaque para derivados de celulose).

Reportagem/Reprodução – JcNet – Tisa Moraes

Compartilhe nas Redes Sociais