Secretário de Educação, Nilson Ghirardello, durante audiência na Câmara. Foto: Divulgação.

Sem materiais básicos nas escolas, pais de alunos fazem campanha de doações

A Secretaria de Educação de Bauru, chefiada pelo arquiteto Nilson Ghirardello, até agora não recebeu – e tampouco entregou, portanto – parte dos materiais escolares a serem destinados aos alunos da rede municipal de ensino.

O problema persiste mesmo quase dois meses após o início do ano letivo nas escolas de Bauru, que retomaram as aulas no começo de fevereiro, e chegou a uma situação “insustentável” nas palavras de Ana Sandrin, mãe de um aluno da rede municipal.

Ela é também idealizadora do movimento SOS Escolas, criado no ano passado no âmbito dos ataques a instituições de ensino pelo Brasil e que serviu também como uma união dos pais de estudantes em Bauru.

O projeto continua ativo até hoje e tem ao menos um pai ou mãe de aluno de cada unidade escolar do município.

“Falta um pouco de tudo. O que tem de material nas escolas hoje é resíduo do ano passado. Quando a gente liga para o setor de Compras da prefeitura eles afirmam que não há previsão de chegada”, critica.

Nesta semana, o SOS Escola se uniu a mães e conselheiras da Escola Municipal de Ensino Infantil Integral (Emeii) Leila Berriel para promover uma campanha de arrecadação de materiais aos alunos.

Em nota encaminhada ao JC, a Educação admite o atraso e diz que os materiais serão entregues em breve. A pasta afirma ainda que “se estão pedindo uniformes ou materiais é de forma indevida” e que “pais não devem atender, pois todo material será distribuído” – a nota não especifica uma data.

“Não tem nem o caderninho de recados, que é o elo entre os professores e os pais. Falta ‘canetinha’, massinha, papel A3, papel craft. Lápis de cor nem se fale. O que entregaram nem cor sai no papel”, pontua. “Nós, pais, estamos tendo de comprar esses materiais. Os professores também”, lamenta.

O impasse em torno dos materiais vem na esteira também de outro imbróglio, os uniformes escolares. A nota da Educação, chefiada por Ghirardello, diz que eles já começaram a ser entregues. “Eu não vi nada disso”, observa Ana, que também não viu nenhuma manifestação nesse sentido no grupo de WhatsApp que reúne pais de alunos do qual ela faz parte.

O JC já havia noticiado em 10 de fevereiro que parte dos materiais escolares não chegaram quando do retorno do ano letivo. Ghirardello disse na época que a pasta forneceria lápis e cadernos aos alunos enquanto o produtos não chegassem às escolas – mas também não garantiu um prazo de entrega na época.

Nesta quarta-feira (27), a vereadora Estela Almagro (PT) foi às redes sociais e criticou a falta de materiais. “É sério que isso está acontecendo? As mães tendo de fazer vaquinha solidária para colocar material básico nas escolas?”, indagou.

Ela lembrou, por exemplo, da investigação da Comissão de Fiscalização e Controle, da qual é presidente, que apura o aumento expressivo na compra de uniformes escolares. Como noticiou o JC, a pasta de Ghirardello pagou até 90,43% mais caro por itens que compõem os kits de uniformes neste ano letivo na comparação com a aquisição dos mesmos utensílios em 2023.

Por Jornal da Cidade

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