Foto – Lara Monsores-CBJ

Judoca Michel Augusto busca consagração olímpica

Primeiro judoca do Sesi-SP a garantir classificação para uma Olimpíada, Michel Augusto, da equipe de Alto Rendimento de Judô sediada no Sesi Botucatu, busca agora a consagração. Competindo na categoria até 60kg, o atleta estreia nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 neste sábado, 27, com as lutas preliminares da modalidade começando a partir das 5h (horário de Brasília) e a fase final às 11h. A transmissão oficial será feita pela TV Globo, SporTv e CazéTV.

Em sorteio realizado na manhã desta quinta-feira, 25, o caminho de Michel no torneio já começou a ser traçado. Na primeira rodada, o brasileiro enfrenta Sebastian Sancho, da Costa Rica, adversário que Michel já venceu no ano passado. Em caso de vitória, o judoca do Sesi Botucatu enfrentará Ryuju Nagayama, do Japão.

O judoca do Sesi Botucatu chega às Olimpíadas de Paris 2024 após ser campeão dos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 e do Pan-Americano e Oceania de Judô em 2024, sediado no Rio de Janeiro. Michel também fez participações importantes para seu ranking no Grand Prix de Portugal, no qual foi vice-campeão, e no Aberto de Perth, conquistando o bronze.

A relação com o judô

Michel Natan Felix Augusto tem 19 anos, é natural de Bastos, interior de São Paulo, e sua entrada no judô teve uma razão mais simples que o sonho olímpico: não ter tempo livre. “Minha mãe me colocou no esporte porque não queria que eu ficasse sem fazer nada, aí eu acabei fazendo muitos esportes. Já fiz futebol, natação, beisebol também, mas o que eu segui mesmo, que eu gostei mais, foi o judô.”, revelou Michel.

Sua cidade natal, nesse caso, acabou sendo muito importante. O atleta que viria a ser o primeiro judoca do Sesi-SP em uma Olimpíadas foi para o judô por ser uma tradição de Bastos. “Não foi muito especial não. O Judô na minha cidade é muito popular, sabe? É uma cidade tradicional japonesa, o judô e o beisebol são os dois esportes da cidade. Daí eu fui ver uma aula de judô e já ingressei”, disse. O bastense começou os treinos por um ano, para conhecer o esporte, mas logo no segundo já se apaixonou: “Foi no meu segundo ano de treinos que eu falei: ‘Mano, é isso que eu quero pra mim.’”.

Primeiras mudanças na carreira

Michel seguiu no judô de Bastos até os 14 anos, competindo em disputas regionais e nacionais, até chegar em uma grande mudança. O judoca se transferiu para o Projeto Futuro, um centro de treinamento na capital paulista, e iria competir pelo São Caetano. Além de ter uma mudança brusca de realidade ao chegar na maior cidade da América Latina, Michel passaria por um outro teste: “Eu lutava pelo São Caetano e treinava no Projeto Futuro. Mas aí veio a pandemia, voltei para minha cidade, um tempo difícil”. O período de pandemia da COVID-19 foi de preparações para Michel que, em 2021, acabou recebendo o convite para treinar com a equipe do Sesi-SP.

Dessa forma, o jovem bastense chegou ao time de Judô do Sesi-SP, e revelou que um dos principais motivos para a decisão foi conseguir observar resultado em outros atletas com os quais competia. “Como eu era de Bastos, a gente lutava os inter-regionais contra a equipe do Sesi também, e o pessoal era atleta de alto nível”, disse o judoca, “pelo que eu via ali a estrutura era uma coisa muito grande, e que ia me favorecer bastante.”.

Superação das lesões

A caminhada até a vaga olímpica não foi simples. “Já tive lesões que me fizeram querer desistir”, afirmou Michel. Desde o começo de sua carreira, o judoca do Sesi Botucatu sofreu duas lesões que o fizeram interromper os treinamentos por períodos maiores, ambas nos joelhos. A primeira foi no esquerdo:

“Ele meio que saiu do lugar. Essa daí eu cheguei a ir ao hospital, era mais novo. Cheguei lá, eles falaram que eu tinha que parar de treinar e tudo mais. Não cheguei a fazer a ressonância, era muito caro. Só fiquei sem treinar mesmo, uns três meses parado, e já voltei, não sentia mais. Mas nessa época já pensei em parar.”, comentou o atleta bastense.

Pouco tempo antes da pandemia, outra lesão séria, esta no menisco do joelho direito. “Nem lembro o que aconteceu, mas tive que fazer cirurgia. Voltei no Sesi, graças a Deus não tive nenhuma outra lesão séria, mas é muito difícil de lidar, tem que ter a cabeça forte.”. Durante a pandemia da COVID-19, Michel destacou ter focado sua preparação em recuperação física e fortalecimento, enquanto os treinos não voltavam à normalidade.

Além do foco em superar as lesões durante a carreira, Michel também coloca o apoio dos pais como um dos fatores principais para sua continuidade. Sendo um atleta começando no esporte, os obstáculos financeiros também aparecem: “As competições são muito caras, tem custo de viagem também, material, que no nosso esporte é o kimono, e eles sempre correram atrás disso pra eu desempenhar bem.”, disse o judoca do Sesi Botucatu.

Conquistas e o sonho olímpico

Mesmo sendo muito jovem, Michel já passou por muitas experiências no judô, e tem na mente dois momentos especiais: a conquista do Campeonato Brasileiro Sub-15 e o Aberto de 2022, na categoria Sub-23.

“Quando fui campeão brasileiro em 2017 eu me emocionei bastante. Eu não tinha muitos títulos expressivos, foi meu primeiro título brasileiro, e minha avó me acompanhou nessa competição; e o Aberto foi uma competição que foi uma porta de entrada para começar a subir na carreira.”, conta Michel.

Agora, o judoca do Sesi Botucatu terá novas histórias para sua carreira. Michel foi o primeiro atleta do Sesi Judô a conquistar uma vaga olímpica, um fato que o atleta diz ser um sonho para todo atleta. A classificação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 veio na última competição do Tour Mundial da Federação Internacional de Judô: o Campeonato Mundial de Judô Sênior, em Abu Dhabi. A chegada nas Olimpíadas vem após uma grande sequência de resultados, mas, além de tudo, muito treino:

“Foi complicado. Tive que treinar muito. Fui me destacando nas competições de 2022 até agora. Acho que tudo somou, desde 2022. Desde que eu entrei no Sesi, a conquista da vaga foi a soma de tudo que eu treinei até hoje. Mas eu tive que virar uma chave nesse tempo que estive no Sesi. Tive que ralar muito para conquistar. As Olimpíadas e o Mundial acho que é o sonho de todo atleta, é o mais alto nível.”, destacou o judoca do Sesi-SP.

Preparativos e relação com a Seleção

Depois de muita preparação para conseguir chegar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o foco de Michel é ser competitivo. Durante a disputa do Campeonato Mundial de Judô Sênior, o judoca do Sesi-SP superou um dos adversários na corrida por medalhas: Balabay Aghayev, então número 5 do mundo. Mas o atleta bastense alerta para o alto nível dos adversários, e que terá que se adaptar para a competição:

“Todos os lutadores são muito bons. A classificação olímpica é somada por 26 atletas, os 26 que mais fizeram pontos nesse ciclo. Então pode ter certeza que ali os 26 são só atletas fortes que estão preparados. (Ganhar de um melhor ranqueado) dá uma confiança a mais, saber que a gente está parelho com os caras. Claro que precisa ajustar muita coisa, temos pouco tempo até os Jogos Olímpicos, e eu quero dar o meu melhor para conseguir igualar e até superar os melhores atletas.”, disse Michel.

Além de muita preparação, Michel terá também muito suporte da Seleção Brasileira de Judô. “O pessoal me apoia bastante eu sendo o mais novo. Muito legal que eram pessoas que eu admirava, queria estar ali com elas, e conseguir estar ao lado deles agora é um sentimento de ter uma das metas alcançadas.”, conta. Inclusive, junto da delegação, o judoca do Sesi Botucatu estará ao lado de um dos ídolos no esporte: Rafael ‘Baby’ Silva “Pela histórica construída, o Baby, ele é muito massa, tem as medalhas olímpicas aí já, já conquistou o que a gente sonha, ele é ídolo.”.

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