Investigação de crimes no Discord apreende e prende novos suspeitos de violência sexual
Policiais civis da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) deflagraram, nesta terça-feira (27), a Operação Dark Room e apreenderam dois adolescentes, de 14 e 17 anos, suspeitos de associação criminosa, estupros e induzimento de meninas a automutilação e suicídio, por meio da plataforma Discord.
A ação ocorreu na zona oeste da capital fluminense e na região do Médio Paraíba fluminense, em cumprimento a mandados de busca e apreensão. Aparelhos eletrônicos foram apreendidos e o adolescente de 17 anos é considerado um dos principais líderes do grupo.
Em reportagens transmitida no Fantástico, da Rede Globo, em maio e no último domingo (25), foi divulgado o uso da plataforma, por um grupo, composto por pessoas de várias regiões do país, para incitação da exploração sexual, pedofilia, automutilação, racismo, apologia do nazismo, maus-tratos de animais e assassinatos. A Polícia Federal já identificou 10 vítimas de tortura virtual.
Outros cinco homens foram presos acusados de envolvimento em crimes de violência no Discord.
Prisão em 26 de junho
- Carlos, de 19 anos, foi preso temporariamente, nesta segunda-feira (26), após se apresentar a uma unidade policial na zona norte de São Paulo. O jovem estava foragido após a Justiça decretar a sua prisão temporária a pedido do Ministério Público (MP), por suposto envolvimento em crimes no Discord.
Prisões em 23 de junho
- Gabriel e William, de 22 e 20 anos, foram presos na última sexta-feira (23), investigados por associação criminosa, estupro e ameaça. O homem de 22 anos é acusado de violentar sexualmente uma garota. A apreensão e o depoimento de outros suspeitos ajudaram a Polícia Civil de São Paulo a confirmar as duas identidades.
Prisão em 7 de junho
- Victor, de 22 anos, foi preso em flagrante no dia 7 de junho pela Polícia Civil, em Bauru, por suspeita de associação criminosa e divulgação de pornografia infantil. Os eletrônicos foram apreendidos e o suspeito foi identificado em inquérito do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo. Em um vídeo, ele mostra um arquivo identificado como “backup vagabundas estupráveis”, no qual continham imagens de meninas nuas menores de idade que eram vitimas do grupo.
Prisão em abril
- Izaquiel, de 20 anos, está preso desde abril e admitiu ter chantageado meninas para que elas se mutilassem. A polícia identificou nove vítimas e, entre as evidências, foram encontradas fotos de meninas nuas marcadas na pele por lâmina com o apelido pelo qual é conhecido.
Segundo a investigação, os agressores se conheciam e integravam um grupo virtual no Discord, onde planejavam crimes contra vítimas de várias regiões do Brasil, escolhidas na própria plataforma. Com dados pessoais das vítimas, os investigados iniciavam uma série de chantagens, afirmando que tinham fotos comprometedoras que seriam divulgadas ou enviadas para os pais. Abusos sexuais e agressões foram registrados em vídeo.
Com a apreensão dos eletrônicos de todos os envolvidos e com a perícia dos materiais, será possível identificar várias outras vítimas e analisar a participação de cada um dos investigados nos delitos. Também há suspeita do envolvimento deles em homicídios, tráfico de drogas, entre outros crimes.
Além da responsabilização individual dos agressores, o Ministério Público de São Paulo investiga a plataforma, que se popularizou entre jovens e adolescentes para comunicação entre si. Questionado pelo Jornal da Cidade, o Discord declarou que, no Brasil, 99,9% das comunidades nunca violaram as políticas da plataforma. “Temos tolerância zero para atividades que sejam potencialmente prejudiciais à sociedade e estamos comprometidos em garantir que seja um lugar positivo e seguro para todos”, afirmou, em nota, Clint Smith, diretor de Política e Segurança.
“Por meio de nossos esforços em combater as ameaças à segurança infantil, nós proativamente removemos 98% das comunidades que identificamos nos últimos seis meses por mostrar material com abuso de crianças no Brasil”, completou o diretor.
Denúncias
A Procuradoria-Geral de Justiça disponibilizou um endereço de email para as vítimas acionarem o Ministério Público do estado de São Paulo (MPSP) para registrar denúncias contra atos ilícitos de intolerância e misoginia cometidos por meio virtual e eletrônico na plataforma Discord.
Por meio do endereço [email protected] serão acolhidas e ouvidas as queixas para que os responsáveis sejam incriminados. A ação faz parte da força-tarefa criada em maio pela Procuradoria-Geral de Justiça para o combate desses crimes.
Por Agência Brasil e JCNET