Com 6 mortes por dengue em 2025, prefeitura vai contratar mais 60 agentes de endemias
Em meio a seis mortes e mais de 7 mil casos confirmados de dengue em Bauru, a Secretaria Municipal de Saúde informou que irá contratar mais 60 agentes de controle de endemias (ACEs), profissionais responsáveis por atividades de vigilância em saúde ambiental, como inspeções domiciliares e ações educativas.
Atualmente, o município conta com 167 servidores nesta função, número abaixo do preconizado pelo Programa Nacional de Controle da Dengue, de 1 a cada 800 habitantes em cenário de infestação, o que corresponderia a 474 trabalhadores. Com o acréscimo, o quadro passará a 227 agentes.
Segundo a secretaria, a contratação ocorrerá nas próximas semanas por meio do concurso público realizado em 2023, ainda em vigor.
A medida vinha sendo cobrada por vereadores e até pelo Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da pasta. Até o início deste mês, o pedido estava sob análise da Secretaria de Finanças, que avaliava os impactos orçamentários.
Presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, Júnior Rodrigues se manifestou nas duas últimas sessões legislativas, quando ressaltou a importância da tomada de ações para o combate à epidemia de dengue em Bauru.
Ele lembrou que o governo federal é quem garante a maior parte do dinheiro para pagar o piso salarial dos ACEs, com complementos, como 13.º salário, feitos pelo município. Para Rodrigues, o fato de os quatro sorotipos do vírus causador da doença circularem na cidade e nunca antes o município ter enfrentado picos do número de casos por três anos consecutivos justificam a decretação de estado de emergência sanitária e a ampliação não só do quadro de ACEs, mas também de médicos e outros profissionais de saúde nas UPAs.
“Também reforcei na sessão desta terça (22) a importância de que as secretarias tracem um plano de ação unificado para dar conta não só do acolhimento e do tratamento das pessoas, mas para que seja feita uma varredura de limpeza e zeladoria na cidade, em espaços públicos, terrenos privados e, muito importante, nas casas das pessoas”, complementa.
Secretário de Saúde, Marcio Cidade Gomes afirma, contudo, que o cenário epidemiológico em 2025 não requer a adoção de medidas emergenciais porque não está fora de controle. Segundo o titular da pasta, embora o acumulado de casos seja alto, a taxa de letalidade é inferior à de boa parte dos municípios.
Além disso, pondera que, com a aproximação do mês de maio, as temperaturas tendem a ficar mais amenas e as chuvas, menos frequentes, dificultando a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Com isso, a expectativa é de que o volume de casos caia.
Esta, no entanto, é a quarta pior epidemia de dengue em número de casos e a terceira em mortes em 25 anos na cidade, a 12.ª com mais diagnósticos da doença no Estado em 2025. Por isso, foi incluída entre os 312 municípios brasileiros considerados prioritários para receber ajuda do Ministério da Saúde.
Marcio Cidade, contudo, destaca que o governo federal não publicou, até o momento, portaria para disciplinar como será a adesão à iniciativa. “Por meio dela, poderíamos receber não só um centro de hidratação de pacientes, anunciado pela União, mas uma série de apoios logísticos, como do ponto de vista de insumos”, frisa.
O secretário também descartou a possibilidade de o município decretar estado de emergência, o que permitiria a contratação de bens e serviços com dispensa de licitação. “Não há uma situação fora de controle que justificasse a medida, até porque já temos observado, nas últimas duas semanas, certo decréscimo dos casos. Da mesma forma, não caberia contratar mais médicos, porque a maioria dos casos de dengue tem sido ambulatorial, com boa evolução. Então, dá para trabalharmos dentro da normalidade”, reforça.
O município também não aderiu à ação de intensificação da vacinação nas escolas coordenada pelo governo do Estado entre 14 e 30 de abril. As doses contra o vírus da dengue são ofertadas ao público de 10 a 14 anos e, até esta quinta-feira (24), na cidade, apenas 33% havia tomado a primeira dose e 12%, a segunda.
Por JCNET