Casos de Covid em Bauru aumentam e unidades de saúde ficam sem testes rápidos
Unidades da rede municipal de saúde estão sem testes rápidos de Covid-19 e, embora a prefeitura alegue que nenhum paciente deixou de ser assistido, o Jornal da Cidade recebeu relatos de usuários que saíram de UPAs sem diagnóstico e até chegaram a ser orientados a procurar um serviço privado e pagar pelo exame. A falta do insumo ocorre em meio à alta de casos da doença no município.
De acordo com a plataforma Seade Coronavírus, do governo do Estado de São Paulo, neste ano, até o dia 16 de março, foram registrados 1.015 casos e quatro mortes por Covid-19 em Bauru. Deste total, 430 pacientes foram diagnosticados apenas nas duas últimas semanas e dois perderam a vida devido ao agravamento da doença.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na semana passada, houve redução significativa no volume de testes rápidos enviados pelo Estado, porém, a expectativa é de que o abastecimento seja regularizado nos próximos dias. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que a compra dos testes não é responsabilidade apenas do governo estadual, acrescentando que os municípios possuem autonomia para realizar a compra direta do insumo.
SEM DIAGNÓSTICO
Uma usuária da UPA Ipiranga, que concedeu entrevista sob a condição de anonimato, relata que foi à unidade no início deste mês com sintomas gripais e, mesmo questionando o médico sobre a possibilidade de estar com Covid-19, não foi submetida nem ao teste rápido, nem ao exame RT-PCR, que é processado pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
“O médico disse que poderia ser uma crise alérgica, que não tinha teste de Covid na unidade e que eu devia procurar uma UBS no dia seguinte. Receitou remédios, falou para eu usar máscara e só”, conta.
Já na semana passada, outra moradora da cidade, que também preferiu não se identificar, foi até a UPA do Geisel com sintomas de gripe, além de tosse. Segundo a usuária, a unidade estava lotada e foi necessário aguardar por três horas e meia até ser chamada para o atendimento médico.
“Por causa da tosse e minha asma, o médico pediu o Raio-X, falou que queria que eu fizesse teste de Covid, mas a unidade não recebia há três semanas, assim como também não tinha o teste de dengue. Por isso, disse que eu só conseguiria fazer o exame na rede privada. Ele receitou antibiótico e corticoide, porque meus brônquios estavam inflamados, mas fiquei sem saber se era Covid ou não”, lamenta ela, acrescentando que, no período em que permaneceu na UPA, muitos pacientes desistiram do atendimento em razão da demora.
OUTRO LADO
Por meio de nota, a SMS informou que, recentemente, o Ministério da Saúde notificou os municípios sobre a escassez dos testes rápidos e, diante da falta destes, os médicos devem coletar exame RT-PCR e encaminhar para análise no Instituto Adolfo Lutz, com resultado divulgado no prazo de cinco dias. A pasta alegou que “nenhum paciente deixará de ser assistido” e que “a falta ocorre no atendimento primário (Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família)”, sem registro de desabastecimento nas UPAs.
A secretaria também informou que adquiriu 3.500 testes NS1 para detecção da dengue, que seriam distribuídos em todas as unidades até esta segunda-feira (18). O insumo havia sido solicitado em janeiro, mas, devido à alta de casos da doença no País, houve atraso na entrega pela empresa vencedora da licitação.
Já a SES destacou que os municípios, além de poderem comprar os testes rápidos de Covid-19 por conta própria, também são responsáveis por solicitá-los ao Estado. O envio é feito de acordo com a disponibilidade em estoque e, segundo a pasta, neste ano, uma remessa com 1.025 unidades foi entregue a Bauru.
Por JCNet