Foto: Reprodução/Facebook

Caso Claudia completa 1 ano hoje, a dois meses do julgamento

Crime mais rumoroso das últimas décadas em Bauru, o Caso Claudia Lobo completará um ano nesta quarta-feira (6) com datas definidas para o julgamento dos réus envolvidos na ação judicial sobre o assassinato de Claudia Regina da Rocha Lobo, bem como para as audiências de instrução do processo que apura desvios milionários dos cofres da entidade. O ex-presidente da Apae Bauru, Roberto Franceschetti Filho, e o ex-funcionário do almoxarifado da entidade, Dilomar Batista, serão submetidos ao Tribunal do Júri, no Fórum da cidade, nos dias 9 e 10 de outubro.

Roberto é réu por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, traição e por tentar ocultar outro crime (a apropriação de recursos na entidade). Também responde por ocultação de cadáver e fraude processual, crimes pelos quais Dilomar também será julgado. Já as primeiras audiências de instrução a respeito da ação que envolve os crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro estão agendadas para 17 e 24 de outubro.

Além de testemunhas de acusação e defesa, serão ouvidos os 13 réus do processo, incluindo Roberto e Claudia, parentes dela, ex-funcionários da Apae e prestadores de serviços acusados de se beneficiarem, direta ou indiretamente, dos desvios de valores. Tanto o julgamento quanto as audiências serão presenciais e, portanto, o ex-presidente da Apae, preso no Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos, estará em Bauru nas datas.

Então secretária-executiva da Apae, Claudia Lobo desapareceu na tarde de 6 de agosto de 2024, quando deixou a unidade instituição onde trabalhava, na rua Rodrigo Romeiro, no Centro, e embarcou em uma Spin branca. O veículo foi localizado na manhã seguinte na Vila Dutra com sangue no banco traseiro e um estojo de pistola calibre 380 no assoalho.

Posteriormente, restou comprovado que o material biológico era da vítima e que o estojo foi deflagrado pela arma apreendida no cofre da residência de Roberto. Ele foi preso no dia 15 de agosto após investigações conduzidas pela 3.ª Delegacia de Homicídios (3.ª DH) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru.

CONFISSÃO

No dia 19 de agosto, Dilomar foi interrogado e confessou participação na ocultação do cadáver, além de incriminar o ex-presidente da Apae. Dilomar responde ao processo em liberdade. Além de laudos periciais, a acusação dos réus baseou-se na triangulação de sinal de celular, coleta de imagens de câmeras de segurança e contradições no depoimento de Roberto.

Segundo a 3.ª DH, ele omitiu que esteve com Claudia após ela ter saído da Apae, momentos antes de seu desaparecimento. O encontro foi revelado por imagens de uma câmera de segurança no Jardim Pagani, local em que o ex-presidente assumiu a direção da Spin.

Para a investigação, ele executou a vítima dentro do carro antes de desovar o corpo em uma propriedade rural usada para a queima de materiais inservíveis da Apae, às margens da rodovia Cezário José de Castilho (SP-321), a Bauru-Iacanga. No local, foram encontrados os óculos de grau que seriam de Claudia, além de fragmentos de ossos carbonizados, que não apresentaram DNA em concentração mínima e resultaram em análise inconclusiva.

Amigo de infância de Roberto, Dilomar havia trabalhado naquela área antes de ser contratado pela Apae, em abril de 2024. Ele informou ter sido ameaçado de morte pelo ex-presidente da instituição e coagido e incinerar o corpo da vítima. Roberto, por meio de seus advogados, sempre alegou inocência. A defesa afirma que não houve demonstração da materialidade do crime, uma vez que não existem nos autos provas técnicas de que Claudia esteja morta.

Crime financeiro

Ainda em agosto de 2024, o Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) da Deic instaurou inquérito para investigar crimes financeiros contra os caixas da Apae Bauru. A apuração apontou que, em cinco anos, foram desviados mais de R$ 7,5 milhões dos cofres da entidade e que disputas de poder vinculadas à fraude teriam motivado o homicídio de Claudia Lobo. Além de Roberto Franceschetti Filho, há outros 12 réus neste caso, que respondem pelos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

Segundo o Seccold, os delitos envolvem superfaturamento de contratos, emissão de notas frias para justificar a movimentação de valores, pagamento de salários a funcionários fantasmas, empréstimo de dinheiro da entidade a terceiros com cobrança de juros e recebimento de recursos da instituição por meio de conta bancária ‘paralela’, além de transferências diretas registradas na contabilidade a título de bonificação ou ‘adiantamentos ao fornecedor’.

Por Jcnet

Compartilhe nas Redes Sociais