Bauru é a 2ª cidade do Estado em casos de dengue e a 4ª em mortes
Bauru é a segunda cidade paulista com mais casos de dengue e a quarta em número de mortes neste ano, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. De 1 de janeiro a 14 de julho, o município contabiliza 13.803 pacientes diagnosticados com a doença e nove óbitos.
Com mais mortes que o município, figuram somente Presidente Prudente (23), Taquaritinga (12) e São Paulo (10). Já em relação à concentração de casos, o ranking é liderado por Presidente Prudente (36.660), seguido por Bauru e São Paulo (11.459).
Em todo o Estado, foram registrados, até 14 de julho, 245 óbitos e 293.748 pessoas infectadas. Os números representam, respectivamente, uma redução de aproximadamente 9,59% e 6% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram registradas 271 mortes e 312.800 ocorrências.
Para a secretária municipal de Saúde, Giulia Puttomatti, a ampliação da ocupação urbana da cidade, a atipicidade do regime de chuvas e as temperaturas mais elevadas em 2023 podem ter favorecido a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. “Estávamos com foco larval em padrões elevados já no começo do ano. Estamos trabalhando para dar ampla cobertura na nebulização e eliminação de criadouros, mas existe um cenário bastante complicado até o final do ano, quando recomeça um período de calor e muita chuva”, destaca, acrescentando que as pasta está implantando um plano de vigilância para conscientização e prevenção de doenças transmitidas por vetores, como a dengue e a chikungunya.
Em abril deste ano, em entrevista ao JC, o diretor do Departamento de Saúde Coletiva (DSC), Ezequiel Santos, já havia manifestado preocupação diante do aumento de casos graves de dengue em Bauru, inclusive entre pacientes jovens e sem comorbidades. De acordo com ele, o vírus em circulação neste ano, o den-1, é considerado menos letal do que o den-2, responsável pela epidemia de 2019, a maior registrada no município, com mais de 26 mil infectados e 42 mortes.
“O den-1 causava óbitos mais entre pessoas com comorbidades e mais idosas. Mas estamos vendo uma mudança de perfil. Desde o ano passado, estamos percebendo que ele está acometendo pessoas jovens e sadias, com agressividade. Já vimos paciente morrer em menos de 24 horas do início dos sintomas”, acrescenta.
Além disso, segundo ele, as primeiras mortes de 2023 ocorreram com menos de 1 mil casos contabilizados, diferentemente de um passado recente, quando os registros aconteciam após 8 mil a 10 mil casos. “Isso nos leva a crer que a doença também está mais letal”, pontua. O primeiro óbito deste ano, de uma adolescente de 15 anos, ocorreu em fevereiro, quando a cidade ainda contabilizava cerca de 400 casos.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Álvaro Costa, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, mencionou que a urbanização desenfreada, conglomerados populacionais, o acúmulo de água parada e a falta de controle do vetor são fatores que favorecem a alta do número de casos e mortes. “Além disso, não temos no SUS uma vacina disponível para a dengue. Tudo isso colabora para que a doença seja sempre endêmica e cada vez mais grave”, comenta.
Por Jornal da Cidade