Foto: Arquivo – DAE/Divulgação

Batalha tem só 8,5% de vegetação nativa e maioria das nascentes sem proteção

Responsável pelo abastecimento de 26,48% de Bauru, o que corresponde a cerca de 100 mil habitantes, e de parte de outras 10 cidades da região, a situação atual do Rio Batalha é mais do que preocupante. A Área de Proteção Ambiental (APA) do manancial possui apenas 8,5% de vegetação nativa em seus 235.635 hectares de extensão, sendo que vários trechos do leito sequer possuem mata ciliar.

O cenário crítico de desmatamento se repete no entorno da maioria das nascentes e afluentes do rio, que deveriam estar protegidos pela flora. O tema entra em pauta também com a aproximação do Dia do Rio Batalha, celebrado nesta segunda-feira (28 de agosto) (leia mais abaixo).

Além do desflorestamento, o manancial ainda sofre há décadas com assoreamento, erosões e até ocupações imobiliárias inadequadas, com poucas ações efetivas para reversão desse contexto degradante. Justamente por isso, parte dos moradores de Bauru padeceu nos últimos anos, em época de estiagem, com a falta d’água e racionamento na distribuição do líquido.

O cenário é tão urgente que foi formada uma força-tarefa para atividades de manejo da bacia entre Fundação para Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal), gestora da APA Rio Batalha; ONG Fórum Pró-Batalha; Secretaria Municipal de Agricultura (Sagra); e grupo voluntário Viva Batalha.

Gestora da APA Rio Batalha pela Fundação Florestal, a engenheira florestal Claudia Reis explica que, por lei, deveria haver mata ciliar em 50 metros de diâmetro de cada nascente, e 30 metros à margem direita e à esquerda ao longo do rio, para conservação.

“Mas a realidade é muito distante. É pífia a quantidade de locais que se encaixam nisso ao longo dos 167 quilômetros de extensão do Rio Batalha. Muitos deles possuem sequer uma árvore na margem. E, às vezes, temos um resquício de mata ciliar, de 5 ou 10 metros, mas para a passagem da fauna e para sua função de proteger o leito do assoreamento e de ser pisoteado pelo gado, isso não é nada. Assim, o rio vai sendo degradado e seu volume vai diminuindo rapidamente”, detalha.

Presidente do Fórum Pró-Batalha e engenheiro florestal na Sagra, Gabriel Motta destaca que a Bacia do Alto Batalha (que abrange o trecho entre a primeira nascente, na Serra da Jacutinga, em Agudos, passa por Piratininga e termina no ponto de captação de água do DAE, em Bauru) é a que demanda ações mais urgentes, devido ao alto nível de deterioração e por sua realidade impactar diretamente no abastecimento da cidade.

“Nesse pedaço inicial, de 22 quilômetros, estimamos que seja necessário o plantio de 700 mil mudas de árvores nativas”, complementa Márcio Teixeira, vice-presidente da ONG e voluntário do Viva Batalha. Nos últimos dois anos, o grupo reflorestou principalmente no entorno da nascente da Serra da Jacutinga, aproximadamente 12 hectares, com 2,1 mil árvores. “Mas esse trabalho é o mínimo do mínimo que deveria ser feito”.

A APA do Rio Batalha também engloba as cidades de Agudos, Avaí, Balbinos, Bauru, Duartina, Gália, Piratininga, Reginópolis, Presidente Alves, Pirajuí e Uru.

Um plantio comemorativo

Em comemoração ao Dia do Rio Batalha, celebrado nesta segunda (28), a APA Rio Batalha realiza um mutirão de plantio de mais de 400 mudas de árvores nativas nas matas ciliares do manancial, com apoio de ONGs, grupos voluntários e prefeituras de municípios abastecidos pelo manancial.

Por Jornal da Cidade

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