Alcides Franciscato fundou a 96FM e foi uma das maiores lideranças de Bauru
O ex-deputado federal Alcides Franciscato morreu nesta quarta-feira (8), no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, aos 94 anos. Ele deixa a esposa, Maria Deolinda Barosa Franciscato, a dona Lindinha, os filhos Sonia, Cláudia, Alcides Júnior e Ângelo Carlos (in memoriam), irmãos, genros, nora, netos e bisnetos. A despedida ocorreu em cerimônia restrita aos familiares.
Franciscato foi um dos mais reconhecidos e marcantes homens públicos da história de Bauru e região. Foi prefeito de Bauru no período de 1969 a 1973 e deputado federal por três mandatos: de 1975 a 1979, de 1979 a 1983 e de 1983 a 1987. Em 1967, ao lado de outros bauruenses, fundou o Jornal da Cidade e, mais tarde, a Rádio Cidade (atual 96FM). Liderou por décadas os Grupos Prata e Cidade.

Expresso de Prata
Filho do pioneiro Ângelo Franciscato e Itália Giovanetti Franciscato, Alcides nasceu em 2 de junho de 1929 em Piracicaba. Ele se formou engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq-USP) naquela cidade. Anos depois, se especializou em hidráulica do solo nos Estados Unidos. Alcides Franciscato assumiu a direção da empresa em 1952 e começou aí uma nova etapa expansionista do Expresso de Prata.
Jornal da Cidade
A história do Jornal da Cidade começou em 1967, quando um grupo de bauruenses, sob liderança de Alcides Franciscato, fundou o Jornal da Cidade, que se tornaria um veículo impresso de referência nacional em jornalismo regional ao longo das décadas seguintes, consolidando uma trajetória de 56 anos que se mantém até hoje. O JCNet, braço digital do Jornal da Cidade, é afiliado à rede Sampi, maior veículo de notícias baseado no interior.
Visionário como prefeito e deputado
Quando prefeito e deputado, Alcides Franciscato caminhava pelas vilas da cidade numa época em que políticos dificilmente eram vistos nas periferias do município. Seu lema “Trabalho, Trabalho, Trabalho” ficou marcado por décadas.
Eleito pela primeira vez em 1968, com quase 70% dos votos válidos, Franciscato montou um restaurante – com dinheiro do próprio bolso – para oferecer refeições aos trabalhadores braçais da administração.
Foi no seu governo que Bauru ganhou as primeiras obras de recapeamento do Centro ao Altos da Cidade numa época em que paralelepípedos eram predominantes. A interligação do município também era uma de suas preocupações. O viaduto João Simonetti, por exemplo, foi projetado, empenhado e inaugurado por Franciscato.
O viaduto, na verdade, foi o resultado de uma iniciativa muito maior: a canalização do Ribeirão Bauru, cujo início foi dado por Franciscato. A complexa obra resultou no que Bauru conhece hoje como avenida Nuno de Assis. Ele também ampliou o viaduto Mauá, que liga o Centro à Vila Falcão.
Franciscato, além disso, foi responsável pela ampliação da avenida Nações Unidas, em Bauru, e pela canalização do Córrego das Flores, entre a avenida Rodrigues Alves e a avenida Duque de Caxias. Foi também em seu mandato que a Praça do Líbano foi construída.
Em 1976, empreendeu a rápida recuperação da avenida Nações Unidas, que sofreu uma explosão em suas galerias, a partir de um acidente que derramou combustível no local logo após a passagem da comitiva do presidente da República à época, Ernesto Geisel.
Realizador
Uma de suas maiores alegrias foi ter recebido o título de Cidadão Bauruense, conferido pela Câmara de Bauru. O reconhecimento de sua trajetória foi uma consequência natural. É comum ver e ouvir bauruenses até hoje se referirem ao legado de Alcides Franciscato enquanto prefeito e deputado federal como um divisor de águas na história do município.
Ele foi responsável por importantes conquistas para Bauru e região enquanto deputado federal.
Causas sociais
Um fato marcante foi seu empenho na criação e fortalecimento, ao lado de Roberto Previdello, do Consórcio Intermunicipal de Promoção Social (Cips), nos anos 1960, em Bauru, considerado uma das melhores entidades beneficentes do Brasil e, em 2007, premiado como um dos 23 melhores programas de atendimento social do Estado de São Paulo. A entidade existe até hoje.
Durante muito tempo conhecido como “Reco-Reco” devido ao som que os instrumentos usados pelos alunos aprendizes faziam para tirar a grama que crescia entre os paralelepípedos das calçadas, o Consórcio Intermunicipal de Promoção Social (Cips) foi uma das entidades de acolhimento social pioneiras e modelo às décadas seguintes.
Por Jornal da Cidade