Greve no transporte coletivo de Bauru poderá começar nesta sexta-feira
Nesta terça-feira (06/04), o Sindtran, sindicato dos trabalhadores em transportes rodoviários de passageiros urbanos e interurbanos, informou que notificou a Prefeitura, Emdurb e Transurb, sobre a possibilidade de greve no transporte coletivo de Bauru.
Em conversa com a reportagem da 96FM, o diretor do Sindtran, Wilson Crispim, explicou que ontem (05/04), o sindicato recebeu um e-mail da Transurb informando que o pagamento do salário deste mês seria parcelado, sendo 50% pago em 07 de abril e o restante, na segunda parcela, prevista para 14 de abril.
No e-mail, o presidente da Transurb, José Antonio Jacomelli, afirma que devido as medidas restritivas e a dificuldade em conseguir recursos em instituições financeiras, as concessionárias Grande Bauru e Sem Limites não teriam como arcar com o pagamento da folha. Na mensagem, Jacomelli afirma que, apesar das tentativas de contato, as empresas não receberam retorno da Prefeitura e da Emdurb sobre “qualquer socorro ou auxílio emergencial” e uma possível compra antecipada de créditos por parte do município.
“Rogamos a vossa senhoria e diretoria que entendam a gravidade da situação e nos ajudem a atravessar este momento de crise sanitária e econômica sem precedentes. Outrossim, devo informá-los que estamos buscando alternativas para honrar nossos compromissos”, finaliza o texto enviado pela Transurb ao Sindtran.
No entanto, Crispim explica que desde o início da pandemia, os trabalhadores têm colaborado com as empresas, inclusive, aceitando redução no salário, no vale-alimentação e autorizando a empresa a fazer banco de horas. Porém, o diretor afirma que mesmo com essa colaboração, as empresas “promoveram a demissão de uma gama muito grande de trabalhadores e reduziram o número de ônibus e circulação para cerca de 50-60% dos veículos em situação normal”.
O diretor do Sindtran lembra que essa redução na quantidade de ônibus aumentou a lotação do transporte coletivo e, com isso, o risco de contaminação dos trabalhadores, que são expostos diariamente à Covid-19.
“Quantas pessoas passam pelo motorista? Alguém já parou para pensar nisso? Por dia, cerca de 300 a 600 pessoas, por mês são 7 mil pessoas. E a gente não merece vacina? Estamos na linha de frente, lidando com gente todos dias”, afirma Wilson Crispim.
Em nota, o sindicato também destaca que estranha que atitude do parcelamento seja tomada pouco antes do início do período de negociação coletiva e lembra que as empresas ainda não pagaram a parcela do PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
GREVE
Wilson Crispim afirma que com a notificação, feita ainda na segunda, o sindicato deu prazo para que o pagamento seja realizado de forma integral nesta quarta-feira (07/04), caso isso não ocorra, valerá o prazo de 72h, a partir da notificação, para o início da greve.
Ou seja, caso a situação não seja resolvida, a partir desta sexta-feira (09), os 400 trabalhadores do setor, sendo 300 da Grande Bauru e 100 da Sem Limites, poderão parar e Bauru ficará sem transporte coletivo.
O diretor do Sindtran ainda explica que solicitou uma audiência com a Prefeitura, Emdurb e Transurb para tratar da situação, mas que o pedido ainda não foi atendido. Para ele, a Prefeitura deve colaborar para evitar o caos no transporte da cidade.
[Atualização 17h45] Questionada pela reportagem da 96FM, a Prefeitura informou que recebeu o pedido do Sindtran e que a reunião será realizada nesta quarta-feira (07/04), no período da tarde, com participação da Emdurb.
Já a Transurb, confirmou o parcelamento do pagamento. “As concessionárias confirmam o parcelamento do salário em duas parcelas: 50% dia 7/4, e 50% dia 12/4. Pois neste momento de grande dificuldade é a única forma de quitarmos está obrigação salarial. Ressaltamos ainda que cesta básica, ticket alimentação e convênio médico estão em dia. As empresas continuam abertas a negociação”, afirma a nota divulgada pela assessoria.
Amanhã (07/04), às 7h20, o diretor do Sindtran, Wilson Crispim, participará ao vivo do Vivacidade para detalhar a situação e confirmar se o pagamento foi realizado de forma integral ou se a cidade terá greve.
Por Lorena Fagundes