Foto: Malavolta Jr./JCNet

Vereadores são citados em agenda de secretária de Gasparini Jr. na Cohab

As investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) indicam que agentes políticos podem ter recebido passagens para viagens no período em que Edison Bastos Gasparini Jr. era o presidente da Companhia de Habitação Popular de Bauru (Cohab), a mando dele. Porém, esse fato, que constaria na agenda da ex-secretária de Gasparini Olga Mattosinho, se comprovado com documentação e depoimentos, não teria relação direta com a principal investigação, que é o desvio do seguro habitacional, no valor de R$ 54 milhões. Essas acusações recaem sobre Gasparini Jr.    

As informações sobre a possível compra de passagens envolvem os vereadores Fábio Manfrinato (PP), Sandro Bussola (PSD), seu ex-assessor Wanderley Rodrigues de Moraes Júnior (PSD), e ainda o ex-vereador Renato Purini (MDB) e deverão constar no inquérito do Gaeco, que está prestes a concluir a investigação, mas não devem gerar denúncia nesta mesma peça judicial. Segundo o JC apurou, as investigações relativas às passagens podem ficar para outro inquérito. Os citados negam as suspeitas (leia mais adiante).

Procurado pelo Jornal da Cidade, o Gaeco informou apenas que confirma a existência da agenda e anotações. Esta agenda foi apreendida com vários outros documentos no final do ano passado e os advogados das partes tiveram acesso a ela nos autos do processo, que corre em segredo de Justiça, uma vez que o inquérito ainda não foi concluído.

CITADOS
Ao lado de valores, os nomes dos vereadores constariam na agenda Olga Maria de Oliveira Mattosinho, secretária de Gasparini Jr. Ela foi demitida da companhia no começo deste ano, após a entrada da nova administração na Cohab. Por conta das anotações, ela foi ouvida recentemente pelo Gaeco. Conforme o JC apurou, a então secretária da presidência informou que registros estavam relacionados a viagens pagas a mando de Gasparini Jr.

O nome de Purini apareceria em mensagem enviada à agência de turismo responsável pela venda das passagens. Nela, existiria um questionamento da empresa se o valor da passagem seria pago pela Cohab ou particularmente por Gasparini Jr., cujos proventos enquanto presidente da Cohab ficavam na casa dos R$ 10 mil mensais.

OUTRO LADO
O vereador Sandro Bussola afirma que em nenhum momento recebeu dinheiro da Cohab ou de Gasparini Jr. para viagens. “Até o momento, não fui chamado pelo Gaeco para prestar esclarecimentos”, diz.

Fábio Manfrinato informa que fez viagens a Brasília para buscar verba de emendas parlamentares, mas diz desconhecer o uso de dinheiro da Cohab para esta finalidade.

Já o ex-assessor parlamentar Wanderley Moraes Júnior afirma que fez apenas uma viagem a Brasília, para tratar de assuntos do município, mas desconhece o uso de recursos da companhia de habitação na compra de passagens. 

O ex-vereador Renato Purini lembra que fez uma viagem a Brasília, na ocasião em que era parlamentar, a convite de Gasparini Jr. “Fui e voltei no mesmo dia e paguei todas as despesas com alimentação do meu bolso. A única coisa que recebi foram as passagens aéreas, mas não sei quem as pagou, porque fui convidado para ir e conhecer o processo de negociação do parcelamento da dívida”, comenta.

O advogado Eduardo Borgo entrou ontem com um pedido de Comissão Processante (CP) na Câmara. Ele solicita a abertura de CP contra o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB) e os vereadores Sandro Bussola (PSD) e Fábio Manfrinato (PP).

Comissão de Ética e pedido de CP

O vereador Coronel Meira (PSL) vai solicitar a apuração pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar das condutas de Bussola e Fábio Manfrinato. Ele também vai pedir ao Gaeco que mencione outros agentes políticos passíveis de fiscalização pela Câmara, e ainda o pedido de investigação do prefeito Gazzetta, por ter mantido Edison Bastos Gasparini Jr. na Cohab até o ano passado. Já o advogado Eduardo Borgo entrou ontem com um pedido de Comissão Processante (CP) na Câmara. Ele solicita a abertura de CP contra o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB), e os vereadores Sandro Bussola (PSD) e Fábio Manfrinato (PP).

Relembre o caso

O Gaeco deflagrou a Operação ‘João de Barro’ no final do ano passado, inicialmente para apurar contratos da Cohab com algumas construtoras. Foram encontrados 1,6 milhão em notas de real, 30 mil em notas de dólar norte-americano e valores menores em euro e libras esterlinas na casa do então presidente da companhia Edison Bastos Gasparini Jr. Ele saiu do cargo e Arildo Lima Jr. foi nomeado como novo presidente.

No começo deste ano, a nova administração da Cohab identificou a realização de saques mensais de R$ 400 mil por mês, entre 2007 e 2019, que deveriam ter sido usados no pagamento do seguro habitacional. Contudo, não foram encontrados comprovantes. O desfalque superou R$ 54,8 milhões, conforme o JC mostrou na ocasião. Em abril, a Cohab entrou com pedido de bloqueio de bens de Gasparini Jr., sua mulher, filha, e do ex-diretor financeiro Paulo Sérgio Gobbi, no valor atualizado de R$ 116,4 milhões. A Justiça concedeu o bloqueio dos bens solicitado.

Por JCNet

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