Morre Zé do Mel, apicultor há mais de meio século em Bauru

Bauru se despediu, nesta quinta-feira (28), de um de seus apicultores mais longevos e conhecidos: o Zé do Mel, morador antigo da Vila Dutra. Aos 88 anos, José Eufrauzino dos Santos se sentiu mal quando estava a caminho da igreja e morreu, nesta quarta-feira (27).

Por mais de cinco décadas, ele atuou no combate cauteloso a enxames de abelhas por toda a cidade. Prestou, inclusive, apoio ao Corpo de Bombeiros incontáveis vezes, de forma voluntária, destaca a vizinha e amiga Vera Pascoalino.

Zé do Mel deixa a viúva, que o acompanhava à igreja, dois filhos e três enteados, além dos netos.

“Perdemos um grande amigo aqui na alameda Ponta Porã, na Vila Dutra. Pessoa idônea, que amava e cuidava bem das abelhas. Era conhecido em toda a cidade. Ele era aposentado da ferrovia, cultivava e vendia mel, mas também era solidário e ajudava muita gente que não tinha recursos”, acrescenta Vera Pascoalino, que morou próxima do Zé do Mel a vida toda.

Ela destaca um dos casos de maior repercussão na carreira de Zé do Mel: quando as abelhas tomaram a ponte do Parque Vitória Régia, há pouco mais de 5 anos.

Em 2014, Zé do Mel abriu as portas de sua casa para contar sua história ao JC. Revelou que uma vez, a caminho do trabalho, se deparou com um enxame de abelhas. O ano era 1969 e, até então, ele nunca havia visto tantos insetos aglomerados como daquela vez. A partir daí, começou a aprender sobre o ofício.

“É preciso jeito e paciência para lidar com elas. As abelhas estão desaparecendo da cidade e até mesmo da natureza”, afirmou ele à época. Naquele ano, Zé do Mel já estava reduzindo o ritmo de trabalho, por conta da idade. Passara a atender, na ocasião, cinco chamados por mês e não mais os 90 de antigamente. Também não possuía mais colmeias. Pela confiança que tinha em seu trabalho, não usava roupas especiais que o protegessem. Usava apenas um fumegador (com fumaça de lenha), que ajuda a reduzir a atividade das abelhas.

“Elas têm medo e ficam protegendo a família delas. Esse é o segredo para conseguir retirá-las de onde estão”, contou. Mas, mesmo assim, qualquer movimento em falso pode resultar em acidente.

Foi o que ocorreu quando foi ferroado cerca de 60 vezes ao tentar retirar um enxame de uma residência. Apesar do susto, garantiu que não precisou de atendimento médico. “Hoje, a picada já não tem mais efeito em mim”, revelou.

Por JCNet

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