Foto: JCNET

Laudo sobre a ETE aponta erros e recomenda revisão completa de projeto

Um laudo sobre a atual situação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vargem Limpa, em Bauru, revela que a eventual retomada das obras exigirá uma revisão integral do projeto estrutural da estação, iniciada em 2015 e que está sem terminar até hoje. O documento, inédito, foi elaborado pelo Instituto para o Desenvolvimento da Engenharia Aplicada a Controvérsias (Ideac), entidade nomeada pela Justiça para periciar a ETE após o rompimento de contrato entre a prefeitura e a empreiteira COM Engenharia.

Projeto mal encaminhado no governo Rodrigo Agostinho (PSB), hoje presidente do Ibama, a ETE passou a ser discutida a partir da primeira década dos anos 2000 e se tornou realidade a partir de 2010, quando o governo federal liberou R$ 100 milhões a fundo perdido e destinou o montante para que Bauru efetivamente começasse a tratar seu esgoto.

Porém, a ETE nunca foi concluída. O contrato com a empreiteira COM Engenharia foi rompido pela Prefeitura de Bauru ao início do governo Suéllen Rosim (PSD), em 2021, por problemas relacionados à extrapolação do limite de aditivos contratuais permitidos.

Desde então a obra é contestada no Poder Judiciário. A COM Engenharia acusa a prefeitura de rompimento irregular de contrato. A prefeitura acusa a COM Engenharia de execução irregular do contrato. Ambas, porém, são culpadas segundo o levantamento que o JCNET revela com exclusividade.

Disponibilizado no início de setembro, o relatório tem mais de 600 páginas, sobre as quais o JCNET se debruçou nesta terça-feira (10), e afirma sem meias palavras que todos os envolvidos têm parcela de culpa sobre o atraso na conclusão da ETE: a responsável pelo projeto, Arcadis Logos (antiga Etep), a Prefeitura de Bauru e a COM Engenharia.

A ETE sofre com a exposição ao tempo (chuva e sol) sem continuidade e manutenção da obra há três anos. Mas a maioria dos apontamentos do relatório envolve erros nos projetos básico e executivo da obra. O laudo menciona também falhas da COM Engenharia na condução da obra – a empreiteira deixou de seguir diretrizes da planta em várias ocasiões – e morosidade da prefeitura na gestão do empreendimento.

Por isso, revela o relatório, “a recomendação técnica é que, antes que as obras sejam retomadas, seja feita uma revisão completa do projeto estrutural, com previsão de reforços em todas as estruturas subdimensionadas, para que elas possam atender adequadamente a todos os esforços solicitantes quando a ETE estiver em plena operação”.

O laudo ainda pode ser contestado pelas partes antes de ser homologado pelo Poder Judiciário.

Segundo o relatório, a ETE jamais ficaria pronta no prazo estabelecido no edital, 18 meses, nas condições em que o projeto foi apresentado.

“O Ideac entende que a execução completa de uma obra do porte da ETE Vargem Limpa no prazo de 18 meses exigiria um Projeto Executivo completo e disponibilidade total de recursos financeiros que garantissem a aquisição de materiais, da mão de obra e dos equipamentos necessários previstos”, diz o documento.

“O objetivo proposto nas condições do edital tornou-se inviável, principalmente em função das emissões de projetos novos e revisados e das diversas Instruções de Serviços”, complementa.

Segundo o instituto, “do ponto de vista eminentemente técnico, a prefeitura, pelo  descumprimento de diversas obrigações técnicas, contribuiu para o não atingimento do prazo contratual”.

Por JCNET

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