Invasão russa: Itamaraty apela para a suspensão imediata do conflito
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu, na manhã de hoje (24/02), uma nota à imprensa em que afirma que acompanha, “com grave preocupação”, a deflagração de operações militares da Rússia contra alvos no território da Ucrânia.
“O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, diz a nota.
Os Acordos de Minsk, assinados em 2014 por representantes da Ucrânia, da Rússia, da República Popular de Donetsk (DNR) e da República Popular de Luhansk (LNR), tem como objetivo pôr fim à guerra no Leste da Ucrânia.
Ainda de acordo com a nota, “como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, sobretudo os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias”.
Brasileiros na Ucrânia
A Embaixada do Brasil na Ucrânia pediu que os brasileiros que puderem se desloquem por meios próprios para outros países ao oeste do país, “após se informarem sobre a situação de segurança local”.
Aos brasileiros que vivem na região leste do país, “na margem esquerda do rio Dnipro”, e que não conseguirem viajar por meios próprios, a orientação é se deslocar para Kiev e contatar a embaixada pelo plantão consular +380 50 384 5484. O órgão pede que o número seja utilizado apenas em caso de necessidade extrema.
Já a orientação aos brasileiros que moram em Kiev é não sair, já que a capital ucraniana está com grandes engarrafamentos nas saídas da cidade. A orientação é aguardar novas instruções da embaixada.
Cerca de 500 brasileiros vivem na Ucrânia, segundo o embaixador do Brasil no leste europeu, Norton de Andrade Mello Rapesta. Rapesta informou que os brasileiros que vivem na Ucrânia atuam em várias profissões, como jogadores de futebol, profissionais de TI, diretores de grandes empresas e estudantes. Eles estão espalhados por diversas cidades, mas a capital Kiev tem a maior parte.
Entre os jogadores brasileiros que moram na Ucrânia, a maioria atua no clube Shakhtar Donetsk. Entre eles estão David Neres, Pedrinho, Júnior Moraes, Alan Patrick, Dodô, Vitão, Marlon Santos, Marcos Antônio, Tetê, Ismaily, Fernando, Maycon e Vinicius Tobias.
Entenda
O Exército russo confirmou, nas primeiras horas de hoje, o início dos bombardeios no território da Ucrânia, mas garantiu que os ataques têm apenas como alvo bases aéreas ucranianas e outras áreas militares, não zonas povoadas. Os russos invadiram a partir de vários pontos da fronteira pela terra, pelo ar e pelo mar.
O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a operação militar, afirmando que se destina a proteger civis de etnia russa em Donetsk e Luhansk, cuja independência ele reconheceu na segunda-feira.
A Rússia informou que destruiu mais de 70 alvos militares na Ucrânia. Entre esses, estão 11 campos de pouso, três pontos de comando e uma base naval. Além disso, o porta-voz do Ministério da Defesa, disse que os russos derrubaram um helicóptero e quatro drones.
Segundo o “New York Times”, mais de 40 soldados ucranianos morreram em confrontos e outros 18 militares morreram em um ataque perto de Odessa, no litoral do Mar Negro. Com isso, esse é o maior ataque de um país europeu contra outro do mesmo continente desde a Segunda Guerra.
Enquanto isso, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zenlensky, pediu calma e adotou lei marcial – quando regras militares substituem as leis civis comuns de um país. Ele afirmou ainda que o setor de defesa e segurança está funcionando e que o país está pronto para reagir.
Repercussão
Líderes europeus condenaram a ação russa. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, defendeu uma reunião de emergência dos líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), “o mais breve possível”, para discutir a invasão militar da Ucrânia pela Rússia.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que Berlim e os aliados da Alemanha vão aplicar “sanções mais severas” contra a Rússia. Itália, Macedônia do Norte e República Tcheca condenaram também a operação militar contra a Ucrânia.
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, afirmou que os momentos atuais estão entre os mais sombrios desde a Segunda Guerra Mundial. “A União Europeia vai responder da maneira mais enérgica possível e vai concordar [em aplicar] as sanções mais duras que já implementamos”, afirmou ele.
Já o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, convocou um encontro do Conselho Nacional de Segurança do país nesta quinta-feira para discutir os últimos acontecimentos na Ucrânia.
Por Redação/G1/Agência Brasil