Incentivo gera queda no estoque de veículos e escassez de ‘carro popular’ em Bauru

O programa de incentivo às vendas de veículos, instituído pelo governo federal no último dia 5, resultou, em menos de 15 dias, em queda acentuada do estoque das concessionárias de Bauru. Para se ter ideia, em boa parte delas, já não é possível encontrar os modelos mais baratos, chamados “de entrada”.

Já em relação aos intermediários ou com valor superior, opções como a cor do automóvel também estão restritas. Diante do grande movimento nas últimas semanas, a expectativa é de que o recurso reservado pela União para estimular a indústria automotiva acabe até o fim desta semana. Considerando apenas os R$ 500 milhões destinados aos descontos nas compras de carros de passeio, cerca de 60% – R$ 300 milhões – já haviam sido consumidos até o último sábado (17) no País.

Representantes de concessionárias de Bauru ouvidos pelo Jornal da Cidade relatam que, desde o lançamento do programa, a movimentação de clientes nos estabelecimentos dobrou e o volume de vendas efetivadas cresceu entre 40% e 80%. “Com o anúncio da medida do governo, compramos bastante veículo na fábrica. Mas já estamos com restrição de modelos, especialmente o mais em conta, de R$ 75 mil”, descreve André Arruda, gerente de vendas de uma concessionária da cidade.

Os descontos patrocinados pela União variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Porém, o abatimento pode ser ainda maior porque montadoras e revendedores estão oferecendo subsídios extras. “Com isso, nosso SUV chegou a ficar R$ 15 mil mais barato”, acrescenta.

‘Sem vantagem’

Mas, mesmo com a promoção, consumidores como o servidor público Sidnei Rodrigues, 50 anos, não conseguiram trocar de carro. Assim como ele, seus amigos não viram vantagem em adquirir um modelo zero quilômetro neste momento, já que a quantia ofertada, na negociação, por seus veículos usados, foi proporcionalmente menor ao desconto dado na compra do novo.

“Em três concessionárias que visitei no último sábado, estavam pagando até R$ 20 mil a menos do que consta na tabela Fipe (que baliza o mercado). É muita diferença e, na ponta do lápis, a gente acaba não tendo vantagem alguma. Talvez valha a pena para quem está comprando o primeiro veículo, mas, no meu caso, achei melhor esperar”, descreve.

Arruda argumenta que o preço dos seminovos caiu devido à alta da taxa de juros, com consequente aumento do custo dos financiamentos e redução da demanda por este tipo de produto, que, agora, ficou, em média, 10% mais barato. Segundo Nivaldo Christianini Junior, gerente comercial de outra concessionária de Bauru, cerca de 70% das negociações para aquisição de um automóvel zero quilômetro envolvem outro veículo em troca.

E, em quase todos os casos, só não consegue viabilizar a compra quem não tem crédito aprovado junto a uma instituição bancária, até porque, neste momento, a maioria dos modelos disponíveis custa acima de R$ 120 mil.

“Os de entrada foram todos vendidos e ainda estamos tentando arrumar mais na fábrica, mas talvez os recursos federais acabem antes disso. Por este motivo, o consumidor deve aproveitar o que tem disponível na concessionária agora”, recomenda.

Por JCNET

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