Duas pessoas foram socorridas sob ‘estresse térmico’ em Bauru; Atendimentos por efeitos do calor subiram 102% em SP
Com a onda de calor que aflige grande parte do Brasil nos últimos dias, duas pessoas passaram mal em Bauru, nesta segunda-feira (25). De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, uma delas foi socorrida pelo Samu à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Geisel, enquanto a outra foi levada a um hospital particular. Ontem, a máxima registrada na cidade foi de 39,8 graus, segundo o IPMet.
Esses incidentes servem de alerta às possíveis consequências do chamado “estresse térmico”, quando o corpo humano não consegue manter sua temperatura ideal para funcionamento, de 36,5 graus, após ser submetido a condições de desconforto fisiológico, como situações desfavoráveis de temperatura, umidade do ar, vento e índice de radiação.
O fenômeno pode causar desde uma dor de cabeça ou cansaço até problemas de saúde mais graves, principalmente para quem já possui condições médicas pré-existentes ou para pessoas de grupos de risco.
Médico emergencista do Samu de Bauru, Rafael Arruda Alves também alerta para os riscos de quadros de insolação e de intermação, quando ocorre o aumento da temperatura corporal sem que o organismo consiga se regular.
“A insolação acontece quando o corpo é exposto direta e prolongadamente aos raios de sol, sem a proteção solar e hidratação adequadas, resultando em queimaduras de primeiro grau”, explica.
Já a intermação ocorre após a permanência da pessoa em um ambiente fechado e com temperatura elevada durante longo período, sem ventilação suficiente para dissipar o calor, como em ônibus.
“Os dois quadros merecem atenção porque o aumento da temperatura faz com que o corpo perca muita água, sais e nutrientes necessários para que o organismo funcione normalmente, causando mal-estar, tontura, fraqueza, fadiga, dores de cabeça, entre outros”, complementa o emergencista.
Para evitá-los, ele afirma ser importante manter hidratação constante; usar roupas leves e de cores claras para refletir o calor; usar proteção solar e chapéu ou boné; buscar locais mais frescos, próximo a saídas de ar ou janelas, ou com ventiladores e ar condicionado; e evitar sair durante os picos de calor.
CALOR EM SP
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) registrou, nos sete primeiros meses de 2023, um aumento de 102,5% nos atendimentos ambulatoriais e internações por causas relativas à exposição ao calor em relação a 2022. Foram 312 neste ano e 154 no mesmo período de 2022. A pasta reforça a toda a população a necessidade de cuidados redobrados durante esta semana, quando as altas temperaturas podem chegar aos níveis mais elevados do ano. Pessoas com mais de 60 anos, crianças com menos de quatro anos e pessoas com deficiências cognitivas são as mais afetadas.
“Os principais cuidados são tomar líquidos, principalmente água, no mínimo um litro e meio a dois litros, que devem ser ingeridos ao longo do dia e não de uma vez só; os ambientes devem ser mantidos arejados e frescos; usar roupas leves; e, se for realizar exercício físico ou passeios, fazer isso antes das 10 ou depois das 16 horas, evitando ficar em exposição ao sol mais intenso,” afirma a médica geriatra Drª Erica Boteom.
Sinais de sonolência, letargia, fraqueza, dores de cabeça persistentes e resistentes a analgésicos, tontura intensa, náusea, vômito e convulsões são sinais de desidratação e excesso de temperatura corporal extremos e devem levar qualquer pessoa, de qualquer idade, a buscar assistência médica imediata. Crianças pequenas podem apresentar outros sinais físicos, como leve depressão na região da moleira.
Idosos também têm mais riscos de apresentar desidratação, pois estão mais sujeitos a outras doenças, como diabetes e hipertensão, que levam ao uso de medicações que aumentam a quantidade de perda de líquido pela urina e isso faz com que o idoso precise repor mais a água por via oral nas épocas em que ele transpira mais. Além disso, a diminuição natural das funções do hipotálamo, parte do sistema nervoso que regula a temperatura do corpo, faz com que o idoso sinta menos sede, o que exige uma rotina de tomar água em intervalos regulares, independente da sensação de necessidade.
Por Redação/JC/Governo SP