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Dia Nacional de Combate à Cefaleia: Enxaqueca atinge 15% da população

O calendário da saúde brasileiro destaca o 19 de maio como Dia Nacional da Cefaleia. Nesta data, em especial, instituições médico-científicas, como a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) buscam caminhos diferenciados para alertar os cidadãos sobre a doença que atinge 15% dos brasileiros, cerca de 30 milhões. A Enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Os sintomas podem ocorrer em qualquer idade, mas costuma manifestar-se mais em adolescentes e adultos jovens e afeta mais as mulheres do que os homens”, ressalta o neurologista Saulo Nader. E os dados confirmam, segundo o Ministério da Saúde, de 5 a 25% das mulheres em contrapartida, 2 a 10% dos homens sofrem dessa doença.

Nader ressalta ainda que há alguns pilares que podem elevar os sintomas e desencadear as crises, tais como: excesso ou privação do sono, jejum prolongado, dieta desequilibrada, pular refeições, odores químicos (como gasolina e perfumes fortes, por exemplo), estresse físico e mental, vida sedentária e as oscilações hormonais em mulheres. Entre elas, é comum cefaleia associada a dores em pré, intra, ou na pós-menstruação.

Cinco principais sintomas da enxaqueca são:

1-        Dor de cabeça forte, às vezes somente de um lado da cabeça;
2-        Dor de cabeça latejante (pulsátil, como um coração);
3-        Dor de cabeça que piora com atividade física (subir uma escada, por exemplo, fazer exercício físico);
4-        Dor de cabeça que piora em ambientes muito claros e iluminados;
5-        Enjoo.

Classificação
“Toda dor de cabeça é uma cefaleia”, pontua Célia Roesler. “Existem mais de 200 tipos de cefaleias, divididas entre primárias e secundárias”.

São classificadas como primárias as que a própria dor de cabeça é a doença, como a enxaqueca, a cefaleia em salvas e a do tipo tensional. Vale um parêntese para a enxaqueca, a mais popular das cefaleias primárias. Diagnosticá-la exige uma anamnese completa para entender o histórico do paciente, não é possível só com exames “, explica Dra. Célia.

Já as cefaleias secundárias são sintomas de outras doenças” sinusite, disfunção temporomandibular, refração visual, aneurisma, tumores etc.

Tratamentos
“O tratamento consiste em medicamentos poderosos para abortar as dores de cabeça quando elas vierem (o mais rápido possível) e remédios preventivos (aqui a ideia é nem deixar que as dores aconteçam). A maior parte das pessoas melhora muito com o tratamento, recuperando qualidade de vida. Fora os remédios, dormir bem e controlar o estresse são essenciais para as chatas das dores visitarem menos a pessoa”, diz Dr. Saulo.

Mitos
“Não é todo mundo com enxaqueca que terá problemas com chocolate, café ou queijos. Cerca de  5% das pessoas acometidas terão crises desencadeadas por um esses alimentos. Então, nada de dietas malucas, somente será retirado algum alimento do dia a dia se, comprovadamente, ele fizer mal aquela pessoa com enxaqueca, pois para a maioria não haverá problema algum com o cafezinho e o chocolate”.

Curiosidade
Sabia que existe um tipo de enxaqueca que dá também “labirintite”?!
“A Migrânea Vestibular é um tipo de enxaqueca que gera muita tontura associada, levando muitas vezes a pessoa a buscar ajuda pra “labirintite”, sem se dar conta que a dor de cabeça e a vertigem estão correlacionadas. A Migrânea Vestibular tem tratamento”, finaliza do neurologista Dr. Saulo Nader.

Covid-19
Atualmente, é uma das manifestações neurológicas que acendem sinal vermelho para o Covid-19. Especialistas apontam o crescimento numérico de pacientes acometidas pelo novo coronavírus que recorrem a atendimento unidades de saúde com queixa de dores fortes de cabeça, mesmo após adoção de analgésicos.

Dados parciais da pesquisa “Manifestações Neurológicas da Covid-19 em Pacientes Internados”, desenvolvida no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e em outros três do Recife, apontam que 64% dos pacientes apresentaram dor de cabeça, enquanto alterações (diminuição ou perda) do paladar afetaram 40% das pessoas e as alterações do olfato, 38%.

Nota-se que nem sempre cefaleia por Covid-19 vem acompanhada de outros sintomas, como febre, cansaço e problemas respiratórios. Diminuição de força em membros ou confusão mental são sintomas que pedem rápida avalição médica.

Pandemia e hábitos
Outra particularidade destes tempos de pandemia e de isolamento social é o aumento de crises de cefaleia. A neurologista Célia Roesler, diretora da SBCe, membro ABN e International Headache Society, explica as origens do fenômeno:

“Há mudanças de hábitos alimentares, sono desregulado, ingestão de alimentos mais calóricos e redução de atividades físicas. Sem falar do estresse, do sentimento de incerteza e da angústia de ficar o tempo todo em casa”.

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