Casamentos em Bauru ocorrem mais tarde e já duram menos, diz o IBGE

Os moradores de Bauru estão adiando cada vez mais os planos de casamento e as uniões, quando formalizadas, têm durado menos tempo. É o que mostram os dados mais recentes da Pesquisa Estatísticas do Registro Civil, divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também revelam queda do número de enlaces e alta do de divórcios em uma década.

Segundo o levantamento, dos 2.810 casamentos registrados em 2012, 1.601 tinham noivas com até 29 anos, o que representa 57% do total. Já em 2022, quando foram contabilizadas 2.222 celebrações, apenas 971 delas (43,7%) abrangiam esta faixa etária de mulheres. Em contrapartida, em uma década, a proporção de mulheres que casaram quando tinham entre 30 e 44 anos aumentou de 33,9% para 41,1%.

Trata-se de uma transformação que também impacta o universo masculino. Conforme a pesquisa, 1.371 homens (48,8% do total) firmaram união conjugal em Bauru quando tinham até 29 anos em 2012, número que diminuiu para 808 (36,4%) dez anos depois. Já entre os que se enquadravam na faixa etária de 30 a 44 anos, a alta foi de 38,2% para 43,5%.

Estudiosos apontam que o cenário resulta de uma série de transformações comportamentais nas últimas décadas, como maior liberdade sexual, priorização da consolidação da carreira profissional, flexibilização dos papéis de gênero (com mulheres alcançando maior autonomia financeira e afetiva) e popularização do divórcio, com facilitação de seus trâmites burocráticos. São mudanças, entre muitas outras, que culminaram em maior poder de escolha a homens e mulheres, garantindo-lhes a possibilidade de reverem escolhas amorosas e experimentarem a afetividade em outros relacionamentos ou mesmo sozinhos.

DIVÓRCIOS

É um movimento que dados complementares da pesquisa reforçam. O levantamento revela que, em dez anos, o volume de casamentos em Bauru caiu 20,9%. A partir de 2016, a redução deu-se sucessivamente, com maior intensidade em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, quando 1.744 celebrações foram registradas.

Vale destacar que, dos 2.222 casamentos de 2022, 36 foram homoafetivos, sendo 25 entre mulheres e 11 entre homens. Em 2013, quando o Conselho Nacional de Justiça regulamentou os casamentos gays nos cartórios, foram 9 uniões femininas e 8 masculinas, respectivamente, na cidade. E se a quantidade de casamentos em geral apresenta tendência de queda, a de divórcios cresceu 33,6% em uma década: foram 922 dissoluções extrajudiciais e judiciais em 2012 e 1.232 em 2022. Além disso, parte substancial dos rompimentos ocorreu nas relações menos duradouras.

De acordo com o levantamento, do total de casamentos encerrados em 2012, 434 (47,1%) tinham menos de 10 anos de duração. Em 2022, a quantia saltou para 686, representando mais da metade (55,7%) dos divórcios contabilizados naquele ano.

Por Jornal da Cidade