Carreata em Bauru protesta contra falta de leitos hospitalares
Bauruenses organizam uma carreata para este sábado (13), às 9h, em protesto contra a falta de leitos hospitalares em Bauru. Vagas em hospitais é de responsabilidade do governo do Estado. A manifestação começará na Praça Pousada II, na rua Pedro de Castro Pereira, e encerrará na sede da Prefeitura na Praça das Cerejeiras, 1-59, na Vila Noemy. A organização é de amigos e familiares de Maria Eduarda Ferreira da Silva, 17 anos, que morreu na UPA Mary Dota na sexta-feira (5) enquanto aguardava internação.
A jovem permaneceu por mais de 24h aguardando um leito. “Decidimos fazer esta carreata mesmo sabendo que não teremos mais a Maria Eduarda, mas buscando que outras famílias não passem pelo que passamos. Se tivesse a vaga Hospital Estadual (HE), ela poderia ter mais assistência e o sofrimento dela poderia ter sido mais humanizado. Foi muito triste ver ela morrendo aos poucos na nossa frente”, afirma Janaina Alves Fernandes, tia da jovem.
Janaina contesta o fato de a cidade depender do Estado para poder internar pacientes e defende a elaboração de um hospital municipal em Bauru. Ela também afirma que há leitos no HE que poderiam ser liberados para pacientes de urgência e que isso não ocorre devido a má organização do hospital.
A familiar ressalta que o caso de Maria Eduarda não foi o primeiro e, se continuar assim, não será o último. De fato não foi: nesta quarta-feira (10), outro paciente morreu à espera de vaga. A vítima é Diego Rodrigues Aparecido Custodio, 40 anos, conhecido como Tiopinha. Ele faleceu por volta das 17h, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Bela Vista enquanto aguardava vaga de internação em hospital. Conhecido no meio do futebol amador bauruense e com passagem em diversos times.
De acordo com a ex-esposa Elizabete Venâncio da Silva, 33 anos, Diego deu entrada na UPA Bela Vista apresentando tosse com sangue. Segundo ela, os médicos suspeitam de uma pneumonia, mas a causa da morte ainda não foi confirmada. A Secretaria de Saúde informou que o paciente retornou à UPA Bela Vista às 10h49min desta quarta-feira (10), relatando febre, sintomas gripais e apresentando quadro de esforço respiratório (saturação em 85%), sendo prontamente encaminhado para a sala de emergência. Ele já havia estado na unidade nos dias 8 e 9, relatando apenas dor de garganta (saturação em 98% e 97% respectivamente). Após apresentar queda da pressão arterial, às 11h46 o médico responsável solicitou vaga para internação hospitalar, via Cross, com status de prioridade. O paciente foi intubado e, mesmo com os esforços e a realização dos protocolos médicos, faleceu as 16h15.
Hospital Dia
De acordo com a Prefeitura de Bauru, o projeto básico do Hospital Dia Municipal está em fase final de elaboração e as licitações para construção estão previstas para serem abertas neste mês ou em agosto. A prefeita afirma que pretende começar as obras até o final deste ano. A previsão é de que haja 60 leitos de internação, sendo seis para UTI.
Vereadores falam em omissão
Vereadores criticaram nesta quarta-feira (10) a crise que a saúde enfrenta após mais uma morte em Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
O vereador Markinho Souza (MDB) questionou, por exemplo, os efeitos práticos dos leitos que o Estado diz ter aberto no Hospital das Clínicas (HC). Coronel Meira (Novo), por sua vez, afirmou que a saúde não é prioridade ao governo municipal e tampouco ao estadual. “O senhor, governador, teve meu voto. Mas não mais terá”, disse Meira num duro discurso que também não poupou críticas à prefeitura. “Se sua preocupação fosse mesmo salvar vidas, enquanto não sai o Hospital Municipal, ela teria dado o ‘ok’ para a proposta da Secretaria de Saúde de contratar leitos nas Santas Casas da região, que estão desocupados. Motivos não faltam: neste momento, 50 pessoas estão nas UPAs ou no Pronto-Socorro, nas vergonhosas filas por internação”, apontou.
Júnior Lokadora (Podemos) também comentou. “Quantos mais serão?”, indagou o parlamentar. Para Estela Almagro (PT), a crise não deixa de ser uma tragédia anunciada. “É um projeto de sucateamento da saúde”, disparou. Já o vereador Fabiano Mariano (Solidariedade), por sua vez, também entrou no tema durante discurso. “Não é possível que essa situação perdure por tanto tempo”, observou. “Estado e município têm responsabilidade”, disse.
Por Redação e Jornal da Cidade