Foto: Divulgação Famesp

Bauru tem UTIs superlotadas e tempo de espera na fila aumenta

As UTIs para adultos de ao menos três hospitais públicos de Bauru registraram 100% de ocupação nestes últimos dias, o que provocou o prolongamento do tempo em que pacientes graves permanecem em unidades de urgência e emergência do município à espera de vaga. Conforme o Jornal da Cidade apurou, até mesmo pessoas intubadas estavam nesta condição, sem receber a assistência mais adequada que uma unidade hospitalar pode oferecer.

A reportagem teve acesso a uma lista de pedidos feitos entre os dias 15 e 17 de julho pela Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross), órgão vinculado ao governo do Estado e responsável por fazer a busca por leitos em hospitais públicos, de acordo com a necessidade apresentada pela rede municipal. No documento, médicos do Hospital Estadual informavam que a unidade estava com “capacidade operacional saturada para leitos de UTI”.

Para se ter ideia, no domingo (16), a unidade chegou a registrar sete “vagas zero”, ou seja, precisou operar acima da capacidade máxima para garantir acesso imediato a sete pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso. E, segundo informações obtidas pelo JC, a situação não era muito diferente no Hospital das Clínicas, onde os 10 leitos de tratamento intensivo adulto também permaneceram ocupados nestes últimos dias.

Já no Hospital de Base, tanto a enfermaria quanto a UTI estavam com 100% de ocupação, sendo que, na segunda-feira (17), contabilizava cinco “vagas zero”. Na lista a que a reportagem teve acesso, médicos do Hospital das Clínicas de Botucatu e das Santas Casas de Pederneiras e Jaú também descreveram um cenário de superlotação de pacientes com demanda por tratamento intensivo.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES) informou que, nesta terça-feira (18), as vagas de UTI e enfermaria do Hospital Estadual estavam 95% tomadas e, no Hospital de Base, todos os leitos estavam ocupados. Até as 21h de ontem, 57 pacientes aguardavam nas UPAs ou no Pronto-Socorro Central por vaga de internação hospitalar, sendo 19 deles há mais de 48 horas.

Segundo uma fonte ouvida pelo JC, a elevada demanda pode estar associada ao aumento de doenças respiratórias características desta época do ano, bem como ao agravamento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e cardiopatias, em pacientes que permaneceram por muito tempo sem buscar tratamento durante a pandemia de Covid-19.

“Além destas quatro, cinco ‘vagas zero’ por dia, ainda há liminares, de pessoas que recorreram à Justiça e conseguem uma ordem para internação. Mas, hoje, devido à insuficiência de vagas, os juízes já entenderam que a decisão pode não ser cumprida em 24 horas, 48 horas, até porque estes pacientes podem acabar tirando a vaga de outro em situação mais grave. Os hospitais vão atendendo o mais rápido possível, mas de acordo com sua capacidade”, descreve.

Por meio de nota, a SES informou que trabalha para ampliar os atendimentos e reduzir a fila de espera, priorizando os casos mais graves e urgentes. “O Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite, portanto não é prerrogativa exclusiva do Estado viabilizar assistência em saúde, mas também dos municípios e da União”, acrescenta.

A pasta também destacou que, na última sexta-feira (14), o governo do Estado anunciou, ao Hospital das Clínicas de Bauru, 20 novos leitos de clínica médica, 10 novos leitos de UTI pediátrica e 16 novos leitos de enfermaria pediátrica, que já estão ativos para atender a demanda da região. “Além destes, o hospital abrirá seis novos leitos de UTI adulto em agosto, ampliando a estrutura para um total de 16 leitos de tratamento intensivo adulto e 40 de enfermaria adulto”, completa.

Por Jornal da Cidade

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