Grafiteiros bauruenses exibem obras inéditas no Centro Cultural
Exibir em uma exposição os grafites vistos em muros e paredes da cidade é a proposta do projeto “Grafite nas galerias, por que não?”. A segunda edição da iniciativa será realizada entre os dias 11 e 24 de março no Centro Cultural Carlos Fernandes Paiva, na Avenida Nações Unidas, 8-9.
Grafiteiros bauruenses conhecidos por sua produção local apresentam obras inéditas em formato para galerias em uma exibição inédita com seis peças. O projeto inclui também três oficinas ministradas pelos grafiteiros Franciele Ribeiro, Julia Sardinha e Robinson Oliveira, em 15 e 16 de março, e um encontro entre os artistas, curadoria e público interessado, na abertura da exposição, às 19h do dia 11 de março.
Segundo o curador DJ Ding, o curador do projeto cultural, o “Grafite nas galerias, por que não?” discute a linguagem desta manifestação tipicamente urbana, que se popularizou como uma das vertentes da cultura do hip hop e como prática vinculada ao espaço das ruas e sua incorporação recente ao universo das artes visuais institucionalizadas, que tradicionalmente ocupam majoritariamente os espaços do circuito de artes, em centros culturais ou museus.
“Isso pode ser observado na carreira de artistas como os estadunidenses Keith Haring (1958-1990) e Basquiat (1960-1988), do britânico Banksy e dos brasileiros Os Gêmeos, dupla formada por Gustavo e Otávio Pandolfo. De muros e paredes, suas obras ganharam notoriedade e passaram a ocupar galerias e outros espaços do circuito institucional de arte, sendo avaliadas em preços milionários. Porém, esse processo de assimilação do grafite é restrito a um pequeno segmento dos artistas consagrados, enquanto a maior parte da criação, sobretudo de grafiteiros mais jovens e atuantes fora das grandes capitais, permanece dispersa no espaço urbano e muitas vezes sendo criminalizados por suas intervenções”, pontua Ding.
A linguagem do grafite, como é conhecida na cultura contemporânea, tem suas origens ao movimento cultural francês no final da década de 1960, quando manifestos populares ocuparam as paredes com frases de caráter político e poético, em meio e após os protestos do “Maio de 1968”. “Naquele momento, aquelas primeiras intervenções foram consideradas atos depredatórios e marcadas sob o termo ‘pichação’. Ao longo das décadas de 1970 e 1980, os grafites foram ganhando aspectos formais e plásticos muito elaborados, com uma plasticidade marcada por cores intensas e um caráter figurativo particular”, explica o curador.
Neste sentido, o projeto oferece visibilidade institucional e crítica a grafiteiros de Bauru em espaços reconhecidos de arte, estimula o público a perceber a linguagem do grafite como um segmento já incorporado e reconhecido mundialmente ao circuito da arte e fomenta a formação de público para as técnica e características do grafite, além de mobilizar a comunidade de grafiteiros local para as possibilidades de expansão de sua atuação para além dos muros e fachadas urbanas e de forma profissional e criticamente reconhecida.
Os artistas
A edição de 2024 reuniu Mari Monteiro, João Risu e Cisco, também artistas bauruenses. Nesta nova edição, é a vez de Franciele Ribeiro, a Gaúcha, sul-rio-grandense de origem e bauruense de adoção e coração, de 24 anos, mãe, multiartista autodidata e, atualmente, muralista, tatuadora e desenhista. Ao longo de quase dez anos de caminhada, Franciele tem mais de 50 participações públicas e vem aperfeiçoando seus traços, e levando por meio de manifestações diversas, representatividade feminina, visibilidade da mulher e mãe, focando ainda em temas que nos cercam e que fazem parte de nós.
Já Julia Sardinha, ou Julia Silvarte, é uma artista graduada em Artes Visuais pela Unesp. Seu interesse pelo desenho e pintura veio ainda na infância. Atualmente, trabalha com ilustrações editoriais e na elaboração e execução de projetos de murais e a maioria de suas obras são feitas digitalmente, tendo como temática constante o universo feminino e o retrato lúdico. Como muralista, já fez trabalhos para a escola Alpha Beta, loja Mia Madre, cafeteria Café e no campus da Unesp, em Bauru, entre outros.
Finalmente, mais conhecido como Robinho BlackStar, Robinson Oliveira é grafiteiro e designer. Começou sua trajetória desenhando Hq’s e Mangás e, posteriormente, obras de grafite. Com a assinatura BlackStar, consolidou um nome e uma marca no estado de São Paulo e exerceu a atividade de educador de arte nos projetos Bate Bola, Arte 01, Legião da Boa Vontade, CIPS, Centro Cultural e Fundação Casa. É também ligado à cena hip hop, em Bauru.
Acessibilidade
A mostra conta com pontos de audiodescrição e QR Code para as obras expostas, em tempo integral durante as visitações, das 14h às 16h, de segunda a sexta-feira, no período de 11 de março a 24 de abril. A abertura, em 11 de março, às 19h, disponibiliza tradução em Libras. O projeto também oferece acessibilidade em audiodescrição monitorada diariamente, das 14 às 16h.
A programação do projeto conta ainda com três oficinas de grafite, ministradas pelos artistas, com trinta vagas, sem inscrições prévias, e interpretação em Libras.
O projeto cultural “Grafite nas galerias, por que não?” é uma realização da Prefeitura Municipal de Bauru, por meio da Secretaria de Cultura, com recursos da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar 195/2022).
SERVIÇO – EXPOSIÇÃO
Evento: 2º “Grafite nas galerias, por que não?”
Local: Centro Cultural Carlos Fernandes Paiva
Endereço: Avenida Nações Unidas, 8-9, Centro, Bauru (SP)
Abertura: 11 de março, 19h, com encontro entre artistas, curadoria e púbico
Período de visitação: de 11 de março a 24 de abril, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h
Audiodescrição monitorada: diariamente, das 14 às 16h
Entrada: Livre e gratuita
SERVIÇO – OFICINAS DE GRAFITE
Evento: Oficinas com grafiteiros
Local: Museu Ferroviário Regional de Bauru
Endereço: R. Primeiro de Agosto, Quadra 1 – Centro, Bauru (SP)
Dias e horários:
• Oficina com Robinho BlackStar: 15/03 (Sábado), 14h30
• Oficina com Gaúcha: 16/03 (Domingo), 10h
• Oficina com Julia Silvarte: 16/03 (Domingo), 14h30
Entrada: Livre e gratuita, limitada a 30 pessoas (por ordem de chegada)