Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Região de Bauru é atingida por 382 focos de incêndio em dois dias

A região de Bauru foi atingida por 382 focos de incêndios, combatidos pelo Corpo de Bombeiros, na última sexta-feira (23) e no sábado, dois dias críticos em que o Interior do Estado de São Paulo foi tomado por queimadas, algumas delas gigantescas, que interditaram rodovias, ameaçaram casas, atingiram áreas de preservação ambiental e deixaram diversos municípios encobertos por fumaça. Na área do 10.º Grupamento de Bombeiros, abrangida por 76 municípios das sub-regiões de Bauru, Jaú, Lins, Marília, Ourinhos e Tupã, 317 ocorrências foram atendidas somente na sexta-feira.

Já no sábado, houve 65 registros. O Comando de Bombeiros do Interior 2 (CBI-2), cuja sede é em Bauru e engloba 375 cidades, destacou que a proporção dos eventos é inédita. Dados do Programa Queimadas, mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que, entre as 76 cidades, Arealva liderou o ranking, com 19 focos de incêndio identificados entre sexta e sábado, seguida por Iacanga, com 18 registros.

Na sequência, estão Pompeia (17), Bocaina (13), Bernardino de Campos (10) e Jaú (10). Vale destacar que a região do 10.º GB não incorpora outras cidades próximas que também tiveram volume expressivo de queimadas nestes dois dias, como Ibitinga (32), Areiópolis (30) e São Manuel (16).

Em Bauru, foram três focos de incêndio, dois deles às margens da Estrada Municipal Engenheiro Murilo Vilaça Maringoni, nas imediações do Aeroporto Moussa Tobias, e um às margens da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), a Bauru-Marília. Comandante do CBI-2, o coronel João Henrique Coste explica que uma combinação de três componentes meteorológicos – altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes – contribuiu para que os focos se alastrassem rapidamente e vários atingissem grandes proporções.

Condições severas

Para se ter ideia, em Bauru, na sexta, dia com maior ocorrências na região, a temperatura máxima foi de 36 graus, a umidade mínima de 12,6% e os ventos chegaram a 45,9 quilômetros por hora. “Isso é clima desértico”, pontua. Já no sábado, a velocidade do ventos chegou a 54,3 quilômetros por hora, porém, com a aproximação da frente fria, a máxima caiu para 29,2 graus e a umidade subiu a 39%, o que contribuiu para o registro de um número menor de queimadas.

“Em Bauru, a chuva chegou antes do que em Ribeirão Preto, onde tivemos focos na maior proporção da história. Em Ribeirão, no sábado, os ventos chegaram a 75 quilômetros por hora, mas, até 18h, estava em direção ao onde o fogo já havia destruído. Mas, depois, o vento virou e fez o estrago que vimos, ampliando a área atingida e espalhando fumaça”, relata. Naquela região, abrangida por 93 municípios, o Corpo de Bombeiros atendeu 924 ocorrências apenas naquele dia, número equivalente à média do mês de agosto inteiro nos anos anteriores.

Como foi a área mais atingida do Estado, além do gabinete de crise instituído pelo governo paulista na Capital, também foi criado um posto avançado no município de Ribeirão Preto, ambos com participação do coronel Coste, visto que aquela região também integra do CBI-2.

Investigações

Quatro pessoas foram presas em São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira por promover queimadas no Interior do Estado. Apurações iniciais, contudo não apontam relação entre os suspeitos e, em meio a este cenário, o governador Tarcísio de Freitas afirmou, em entrevista concedida à imprensa nesta segunda-feira, que a série de incêndios no Interior paulista não pode ser atribuída, neste momento, a uma ação criminosa orquestrada.

Sem entrar no mérito da investigação, que não faz parte de suas atribuições, o coronel João Henrique Coste pontua que, de maneira geral, incêndios em áreas verdes não acontecem espontaneamente. “É muito difícil. Na maioria esmagadora das vezes, são provocados. Agora, resta saber se as ocorrências recentes são resultado de uma ação intencional ou não. Dentro das condições severas que tínhamos, várias situações, como jogar uma bituca de cigarro às margens da rodovia, queimar lixo ou um terreno para não precisar capinar, podem dar início a um foco e ele atingir grandes proporções”, completa.

O comandante pede a colaboração da população, destacando que as queimadas que atingiram o Interior do Estado provocaram acidentes de trânsito, levaram inúmeras pessoas a unidades de saúde por intoxicação por inalação de fumaça e destruíram áreas de proteção ambiental, com prejuízo à fauna e à flora. Não houve perda de vidas humanas, mas sim de feridos, em decorrência dos acontecimentos.

Por JCNET

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