Foto: Facebook/ Reprodução

O que se sabe até agora sobre o caso Claudia, tratado como homicídio pela polícia

O delegado titular da 1.ª Delegacia de Investigações Gerais (1.ª DIG) da Deic de Bauru, Cledson Luiz do Nascimento, responsável pelas investigações sobre o desaparecimento de Claudia Regina da Rocha Lobo, secretária-executiva da Apae Bauru, afirmou à imprensa que as buscas por Claudia seriam retomadas nesta sexta-feira (16).

A Polícia Civil trata o caso como possível homicídio. Em nota, a corporação diz que “todas as evidências apontam que Claudia foi morta na tarde do dia 06/08”, dia em que foi vista pela última vez.

Na tarde de quinta-feira (15), a Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, prendeu o presidente da Apae Bauru, Roberto Franceschetti Filho, de 36 anos, suspeito de envolvimento no desaparecimento de Claudia. A prisão temporária, por 30 dias, foi dada após depoimento ao delegado. Materiais do suspeito para extração de material genético foram coletados visando subsidiar as investigações.

Franceschetti foi conduzido para a Cadeia Pública de Pirajuí por volta das 23h do mesmo dia, algemado e transportado no chiqueirinho da viatura com outros dois homens que são suspeitos de tráfico de drogas, segundo apurou o JCNET. Em audiência de custódia realizada na manhã desta sexta-feira (16), a prisão foi mantida. O suspeito ainda não foi formalmente ouvido, o que acontecerá depois que os advogados dele tiverem acesso ao inquérito, agora em sigilo. A defesa, no entanto, deverá entrar com pedido de relaxamento da prisão, respaldada por imagens de câmeras de segurança.

Investigação

A Polícia Civil encontrou imagens de câmeras de segurança que mostram Roberto Franceschetti com Claudia Lobo no dia do desaparecimento dela.

Além disso, interceptações telefônicas registram o celular do presidente da Apae no local onde a Spin conduzida pela funcionária foi encontrada, no dia seguinte ao desaparecimento dela.

No veículo, a corporação identificou quantidade significativa de sangue no banco traseiro. O vestígio confirmaria a morte de Claudia no dia 6 de agosto. Material genético da filha de Claudia Lobo foi coletado para comparação.

Uma pistola calibre 380 pertencente a Franceschetti foi apreendida e as investigações já concluíram que a arma tem o mesmo calibre do estojo encontrado no veículo em que Cláudia foi vista pela última vez. O titular da 1.ª DIG indicou que resultado do exame balístico que irá confrontar a arma apreendida com o estojo localizado deve ficar pronto nesta sexta-feira (16).

Ainda na quinta-feira, novas diligências foram realizadas em uma área de descarte de material inservíveis da Apae, atrás do bairro Pousada da Esperança, mas nada foi encontrado. O local teria sido indicado em depoimento por Roberto Franceschetti. Nesta sexta-feira, a Deic manterá as buscas pelo corpo na área delimitada pelo rastreamento do celular do suspeito no dia do desaparecimento de Claudia. A expectativa é levantar alguns elementos objetivos que facilitem a procura, uma vez que é vasta a região de mata.

Por enquanto, não há indícios de que haja uma segunda pessoa envolvida na ocorrência, informou o delegado titular da 1.ª Delegacia de Investigações Gerais (1.ª DIG) da Deic de Bauru, Cledson Luiz do Nascimento. As investigações prosseguem em busca do corpo de Claudia e das motivações para o crime.

Em nota, a Polícia Civil fala na possível morte de Claudia:

“Considerando a veiculação das informações das diligências realizadas em relação ao desaparecimento de Claudia Regina da Rocha Lobo, fato registrado na data de 06/08/2024, informamos que na data de hoje foi dado cumprimento a um mandado de prisão temporária e busca e apreensão visando o esclarecimento dos fatos. Com o cumprimento da prisão, corroborando os vestígios que foram localizados no veículo da Apae no dia seguinte ao desaparecimento, todas as evidências apontam que Claudia foi morta na tarde do dia 06/08. Nesta data ainda foi apreendida uma pistola calibre 380, do mesmo calibre do estojo encontrado dentro do veículo, pertencente ao investigado, que foi encaminhada para exame balístico. Já foi coletado material genético com amostras da vítima para confronto. No fim da tarde de hoje, com base nas movimentações do investigado na data do desaparecimento, foram feitas diligências em uma área de descarte de material da entidade filantrópica, atrás do bairro Pousada da Esperança, mas nada foi localizado. O caso ainda segue com o sigilo decretado pela justiça, que após ser retirada será convocada uma entrevista coletiva para todos os esclarecimentos.”

Relembre o caso

Claudia Lobo não é vista desde a tarde da última terça-feira (6), quando deixou a unidade da Apae na rua Rodrigo Romeiro, no Centro, com uniforme, segurando um envelope na mão, e embarcou em uma Spin branca descaracterizada, pertencente a entidade. A bolsa e o celular dela ficaram sobre sua mesa e ela não avisou ninguém para onde iria.

A entrada de Claudia no veículo foi registrada por câmeras de segurança. O desaparecimento foi registrado na noite do mesmo dia (6).

Câmeras de segurança também teriam registrado o carro pelo bairro Mary Dota. A Spin foi localizada na manhã seguinte (7), na quadra 5 da alameda Três Lagoas, na Vila Dutra. O veículo passou por perícia, onde foi encontrado sangue no banco traseiro.

Sigilo

Na última sexta-feira (9), a Polícia Civil informou que iria solicitar ao Judiciário a decretação de segredo de justiça em relação à investigação. No despacho da Justiça que fundamentou a decretação do sigilo, a Polícia Civil informou que investigava a possibilidade de que mais de uma pessoa estivesse envolvida no desaparecimento da funcionária da Apae.

“Tratando-se da apuração de infração penal grave envolvendo vítima de função socialmente relevante, o interesse midiático e divulgações que têm causado prejuízo à investigação, envolvendo possivelmente mais de um autor, cujas diligências demandam absoluta discrição para o sucesso da investigação, decreto o sigilo deste procedimento”, citou o despacho.

Com a decisão, o acesso aos documentos ficou limitado apenas aos policiais civis da equipe de Investigação de Homicídios. Além do sigilo, também foi solicitada a decretação do segredo de justiça do procedimento sob a justificativa da “natureza dos crimes a serem investigados, o sucesso da investigação, o interesse público e a conveniência da instrução criminal”.

Apae

Em nota, a Apae disse que se surpreendeu com a notícia do envolvimento de Roberto Franceschetti Filho no desaparecimento de Claudia Regina da Rocha Lobo e que o fato não tem relação com os serviços prestados. A associação ressaltou que os atendimentos continuam normalmente em suas unidades e declarou que continua a prestar o seu serviço de excelência.

A primeira vice-presidente, Maria Amélia Moura Pini Ferro, assumiu a entidade nesta quinta-feira (15) após assembleia extraordinária realizada no final da tarde. A substituição da presidência está prevista no estatuto da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, segundo o qual a mudança deve ser feita quando há impeditivos aos trabalhos do presidente eleito – no caso, a prisão.

Por ora, Franceschetti segue presidente, mas afastado. Eventual destituição ainda será avaliada a partir dos desdobramentos do caso.

Maria Amélia disse ao JC na noite desta quinta-feira que nem ela nem os mais de 300 funcionários da entidade perceberam eventuais rusgas entre Franceschetti e Claudia Lobo. “Não houve nenhum indicativo. O que aconteceu não tem nada a ver com os serviços prestados pela Apae. Temos 300 funcionários, quatro mil usuários e nos preocupamos com todas essas pessoas”, afirmou.

Quem tiver informações sobre o paradeiro de Claudia pode entrar em contato pelos telefones (14) 99875-0050, (14) 99660-1147 ou 197 (Polícia Civil).

Com informações de JCNET e Cidade 360º

Compartilhe nas Redes Sociais