Vídeo gravado por servidor que mostra caminhão da Bracell retirando água. Foto: Reprodução

Em meio ao racionamento, Bracell captou água do Batalha sem autorização

A gigante de celulose Bracell, com sede em Lençóis Paulista (48 quilômetros de Bauru), não tem autorização para retirar água do leito do Rio Batalha, como foi flagrado na última quinta-feira (8). A informação foi repassada à autarquia municipal pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo, acionado na semana passada pela Prefeitura de Bauru, quando da descoberta sobre a captação potencialmente ilícita.

Segundo integrantes da cúpula do governo ao Jornal da Cidade, mesmo que houvesse outorga à gigante de celulose, a administração negociaria o cancelamento da autorização ante o decreto de emergência hídrica que vigora sobre o município.

Entenda o caso

No dia 9 de agosto, Bauru completou três meses de racionamento de água nos bairros abastecidos pela lagoa de captação do Rio Batalha. Nesta data, servidores do Departamento de Água e Esgoto (DAE) “flagraram” um caminhão da Bracell captando recursos hídricos do Batalha, a nove quilômetros da lagoa de captação de água. Nas imagens recebidas pelo DAE é possível observar também a mangueira utilizada para retirar água do leito.

Horas depois, a Prefeitura de Bauru formalizou uma denúncia ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo e também à Polícia Ambiental. para apurar se a multinacional  retira água do rio Batalha sem autorização para tanto.

Em nota encaminhada ao Jornal da Cidade, a Bracell afirmou que “todos os pontos de captação utilizados são outorgados conforme determina a regulamentação”.

Na sexta-feira (9), a prefeitura e o DAE chegaram a realizar operação conjunta em estradas rurais de Bauru para averiguar se a Bracell continuava ou não a retirar água do leito do Batalha. Mas nenhum veículo foi visto por ali.

Sem outorga

Após ser acionado, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) afirmou que a Bracell não possui qualquer autorização para retirar água do leito do Rio Batalha.

A denúncia contra a multinacional será apurada tanto pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) como pelo Ministério Público (MP) de Bauru. Segundo apuração do JC, a Cetesb vai investigar se a retirada de água daquele local é ou não regular e se o procedimento envolveu invasão a uma área de preservação ambiental (APP). Já a promotoria vai avaliar eventuais danos ao meio ambiente e possível crime ambiental.

Em nota encaminhada ao JC na noite de ontem (12), a empresa reafirmou que possui autorização, mas que suspendeu a captação no Batalha “assim que tomou conhecimento das imagens” e “de forma a contribuir com a questão hídrica local”.

“A Bracell reafirma que cumpre a legislação e regulamentação ambiental e de captação de recursos hídricos. A empresa ressalta ainda que, de forma a contribuir com a questão hídrica local, suspendeu imediatamente as captações próximas ao Rio desde tomou conhecimento das imagens”, diz a íntegra da nota. A empresa não exibiu o documento.

Três 3 meses de rodízio

O sistema de rodízio em Bauru começou em 9 de maio, sem prazo para terminar. O racionamento a princípio previa três dias de desabastecimento, mas a estiagem prolongada piorou a crise hídrica e forçou o DAE a ampliar em mais um dia o período de torneiras secas.

Hoje os bairros abastecidos pelo Batalha estão divididos em três grandes grupos que alternam entre si os dias de recebimento de água. O sistema Batalha é responsável por nada menos que 27% do abastecimento do município.

Moradores de alguns bairros, porém, chegaram a ficar mais de 10 dias sem água e até atearam fogo em pneus em protesto contra a escassez hídrica.

Vídeo gravado por servidor que mostra caminhão da Bracell retirando água. Foto: Reprodução

Por JCNET

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