Bauru registra caso de coqueluche após 4 anos
Após manter o número de casos de coqueluche zerado por quatro anos, Bauru voltou a registrar a ocorrência da doença em 2024. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até o momento, a cidade contabiliza um caso deste tipo de infecção respiratória, sem morte, mesmo cenário observado ao longo de 2019. O último ano com maior volume de notificações foi 2014, quando houve 34 casos e três óbitos.
O ressurgimento da coqueluche no município ocorre em meio à multiplicação de registros no Estado de São Paulo, seguindo a tendência de aumento na prevalência da doença no mundo, em países da Europa e Ásia, bem como Estados Unidos e Austrália. Dados nacionais de 2019 a 2024 mostram que crianças menores de 1 ano de vida representaram mais de 52% dos casos, seguidas pelas que têm entre 1 e 4 anos, com 22%.
A alta concentração neste público deve-se ao fato de ele ser o principal grupo de risco, com maiores chances de desenvolver a forma grave da doença. “Bebês com menos de um ano podem ficar com o pulmão tão inflamado, a ponto de faltar oxigênio no cérebro e haver complicações como convulsões e lesão cerebral. E a própria bactéria gera queda de imunidade, abrindo porta para outras pneumonias. O índice de mortalidade é muito maior”, explica o médico infectologista Taylor Endrigo Toscano Olivo, que atua nas redes pública e privada de Bauru.
Já os adultos, considerados a principal fonte de transmissão aos pequenos, normalmente manifestam sintomas mais leves, que podem ser confundidos com uma gripe. Por esta razão, a maioria sequer recebe diagnóstico, o que eleva a subnotificação de casos.
Olivo enfatiza que o controle da coqueluche está diretamente ligado à vacinação. E, como o SUS não disponibiliza doses aos adultos em geral, a imunização dos bebês é fundamental. “Uma cobertura vacinal muito ampla, acima de 90%, é suficiente para quebrar a cadeia de transmissão”, destaca.
Vacinação
Bauru, contudo, ainda não alcançou este índice. Em 2024, apenas 84% do público-alvo recebeu a vacina pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, meningite por Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B), 84,10% tomou dose da DTP (difteria, tétano e coqueluche) e 74,62% da dTpa (tríplice acelular).
Bebês devem ser imunizados com doses da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de vida, seguidas de reforços com a DTP aos 15 meses e aos 4 anos. “E as gestantes, no terceiro trimestre de gestação, devem tomar a dTpa, que confere proteção aos bebês menores, quando nascem, para que não sejam infectados, inclusive, durante a amamentação”, explica.
Frente à alta de casos, o Ministério da Saúde estendeu o uso da vacina dTpa aos profissionais de saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia, pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças até 4 anos.
Altamente contagiosa, a coqueluche é causada pela bactéria Bordetella Pertussis e transmitida pelo contato com secreções, como gotículas de saliva, de pessoas contaminadas. Conhecida também como “tosse comprida”, apresenta, na primeira fase, sintomas semelhantes aos da gripe, o que dificulta o diagnóstico precoce.
“Em crianças, os sintomas mais comuns são episódios de tosse muito intensos, com aparência de faltar o ar, febre alta – embora também possa não ter febre – e pulmão carregado. Em uma semana, eles já estão bem evidentes, então, quanto antes fizer o diagnóstico e administrar antibiótico, maiores a chances de cura”, completa.
Por JCNET