Caso hacker deve ser apurado em Bauru, diz Corregedoria da Polícia de Araçatuba
A 10.ª Corregedoria Auxiliar da Polícia Civil de Araçatuba afirma em relatório assinado nesta segunda-feira (24) que o episódio envolvendo a contratação de um hacker para monitorar desafetos do governo municipal, negociação que teria sido feita pelo cunhado da prefeita Suéllen Rosim (PSD), Walmir Henrique Vitorelli, deve ser investigado em Bauru, local dos fatos.
O documento obtido pelo Jornal da Cidade saiu no âmbito do inquérito que apura se o meio-irmão de Vitorelli, o escrivão Felipe Pimenta, cometeu violação de sigilo funcional ao utilizar indevidamente o sistema da polícia para pesquisar dados pessoais do jornalista Nelson Itaberá, vítima do caso ao lado da vereadora Estela Almagro (PT). Essa pesquisa foi efetuada, ressalta o relatório, mas até o momento não há indicativos de que o autor do levantamento tenha sido Felipe Pimenta.
“Esta 10ª Corregedoria Auxiliar considerou as condutas de Felipe Garcia Pimenta independentes quanto ao dolo, em relação às condutas de Patrick César da Silva Brito [o hacker] e de Walmir Henrique Vitorelli”, diz o documento.
A Polícia de Araçatuba havia solicitado o arquivamento do inquérito envolvendo Pimenta, que chegou a sofrer busca e apreensão e teve de entregar o celular e o computador às autoridades. Relatório posterior afirmou que não havia, por exemplo, conversas apagadas no celular do escrivão.
O documento desta segunda agora diz que “no caso do celular do investigado Felipe Pimenta, diversas mensagens foram encontradas e, naturalmente, podem ser juntadas aos autos. Por essa razão, não surgiu a suspeita de ocultação ou de que tenham sido apagadas mensagens”.
Na semana passada, o vereador José Roberto Segalla (União Brasil), presidente da Comissão Especial de Inquérito que apura o caso na Câmara, pediu à Justiça de Araçatuba que não homologasse o arquivamento. Nesta segunda, enquanto isso, o promotor Paulo Domingues Junior, que acompanha o caso em Araçatuba, se manifestou contra o arquivamento e não se opôs a eventuais novas diligências na investigação. Cabe agora à Justiça decidir.
Na sessão da Câmara de ontem, por sua vez, vereadores repudiaram a inclusão de dados pessoais do jornalista André Fleury Moraes, do Jornal da Cidade, em um dos inquéritos sobre o caso, medida tomada mesmo sem que o profissional seja parte no episódio. “É uma ameaça à imprensa livre, ao interesse público, ao Estado Democrático de Direito. Incluir os dados do jornalista, inclusive com foto, simplesmente porque atendeu à missão fundamental do jornalismo: o interesse público”, afirmou Eduardo Borgo (Novo).
Por Jornal da Cidade