Argentinos vão às ruas protestar após atentado contra Kirchner
Um novo clima de inquietação tomou conta da Argentina nesta sexta-feira (2), após o atentado com arma contra sua vice-presidente, Cristina Kirchner, que saiu ilesa devido a um defeito mecânico da pistola. Há manifestações políticas em Buenos Aires para demonstrar apoio a Cristina.
O agressor, que é o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, apontou a arma –as autoridades disseram a pistola estava carregada– para Cristina do lado de fora da casa dela em Buenos Aires, à queima-roupa, mas a arma não disparou.
Nesta sexta-feira, o principal ato acontece na Praça de Maio, um ponto tradicional de comícios e outros atos políticos na frente da Casa Rosada, a sede do governo. Milhares de pessoas foram ao local. Alberto Fernández, o presidente, decretou feriado nesta sexta-feira justamente para que as pessoas pudessem participar de manifestações.
Segundo o jornal “La Nación”, Fernández convocou representantes sindicais, empresários, membros de organizações de direitos humanos e representantes de religiões para participar do ato na frente da Casa Rosada e fazer um discurso contra a violência.
Políticos de todos os segmentos ideológicos da Argentina condenaram o ataque, que aconteceu em meio a tensões políticas agudas.
O papa Francisco falou por telefone com a vice-presidente para expressar sua solidariedade, disse um comunicado de Cristina Kirchner. Líderes da região também criticaram o ataque.
“Foi deplorável, repreensível, mas ao mesmo tempo, eu diria, milagroso, porque ela está bem”, disse o presidente mexicano de esquerda Andrés Manuel López Obrador.
Brasileiro
A Polícia Federal argentina já vasculhou o último domicílio do brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel no país, preso após tentar matar a vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, localizado no município de San Martín, na região da grande Buenos Aires. A casa é um conjugado numa casa térrea, e nele foram encontrados, segundo relatório policial, duas caixas de munições marca Magtech, calibre 9mm, que continham, no total, 100 balas. Também foram apreendidos um computador laptop marca HP e documentos pessoais de Sabag Montiel e familiares.
Ele foi acusado de tentativa de homicídio agravado, mas ainda vai depor e a motivação do crime não está clara. Pessoas com quem trocou mensagens no celular estão sendo chamadas para depor, em busca de possíveis cúmplices no atentado.
Detido logo após a tentativa de assassinato, o brasileiro está agora na Superintendência de Investigações da Polícia Federal, na capital argentina, onde será interrogado. Depois de depor diante da Justiça, deve ser levado a uma prisão federal.
Suas redes sociais, já deletadas, indicam alguns de seus hobbies peculiares e interesses. Em seu perfil no Facebook, por exemplo, ele curtiu páginas como “Comunismo Satânico”, “Ciências Ocultas Herméticas” e “Coach Antipsicopata”, além de inúmeros grupos de ódio ligados à ideologia neonazista. O brasileiro também gostava de ser chamado de “Salim” e se gabava de ser crítico ferrenho do atual governo argentino e da família Kirchner. Ele também postou vídeos de suas aparições em programas de TV, seja criticando programas do governo de auxílio financeiro ou a recente nomeação do ministro Sergio Massa, da Economia.
Segundo o jornal La Nación, em 17 de março do ano passado, Sabag Montiel foi detido por porte de arma. Na ocasião, foi flagrado com uma faca e alegou que a usava para defesa pessoal. Ele foi abordado na época por estar estacionado com um veículo sem a placa traseira e alegou que ela caíra “devido a um acidente de trânsito ocorrido dias atrás”. Quando abriu a porta para pegar a documentação do carro, uma faca de 35 centímetros de comprimento caiu no chão.
O documento de residência do brasileiro na Argentina é dos anos 1990. O pai dele, Fernando Ernesto Montiel Araya, que é chileno, foi alvo de um inquérito da Polícia Federal para expulsão do Brasil em 2020. Araya tinha uma sentença penal condenatória no país. O governo argentina acredita que ele está hoje em Valparaíso, no Chile. A mãe, Viviana Beatriz Sabag, era brasileira e morreu em 2017.
Por Redação/G1